Brasil
Boate Kiss: julgamento acontece há cinco dias com debate sobre fogos e relatos emocionante de sobreviventes
Em cinco dias de trabalhos no Tribunal do Júri, foram prestados 17 depoimentos. Outros 12 ainda devem ocorrer nos próximos dias.
Por Viviane Freitas | 6 dezembro, 2021 - 11:51
O julgamento réus acusados pelas mortes de 242 pessoas no caso da Boate Kiss entra no seu sexto dia nesta segunda-feira (06). Em cinco dias, foram prestados 16 depoimentos, restando 13 ainda para serem ouvidos. Júri acontece após oito anos e 11 meses do incêndio, no dia 27 de janeiro de 2013. O julgamento será realizado no plenário do 2º andar do Foro Central I, em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul e deverá ser um dos mais longos da história do Brasil – com previsão de duração de até duas semanas.
Os empresários e sócios da casa noturna, Elissandro Spohr e Mauro Hoffmann, o músico Marcelo de Jesus dos Santos e o produtor musical Luciano Bonilha Leão são acusados pelo Ministério Público (MP) pelos crimes de homicídio.
O conselho de sentença é formado por sete jurados – seis homens e uma mulher – e presidido pelo juiz de Direito Orlando Faccini Neto, da 1ª Vara de Porto Alegre. Além das 242 mortes, o incêndio que começou no palco da boate onde se apresentava uma banda, e logo se alastrou, provocando muita fumaça tóxica, deixou mais de 600 feridos.
Durante os interrogatórios já foram debatidos o uso de fogos e falas comoventes dos sobreviventes. Confira alguns depoimentos:
“Eu só vi que era sério quando percebi todo mundo virando para a saída”, contou. Ele e os amigos conseguiram percorrer juntos parte do caminho, mas logo se perderam. As luzes apagaram, e foi neste momento que vi a fumaça. As pessoas gritavam mais ainda, eu escutava barulhos de vidro quebrando, um desespero, sabe?“Eu acordei na calçada urrando de dor, com os braços torcidos. No hospital, eu olhava para o lado, as pessoas pretas, gritando de dor. Era uma cena de guerra”, relembrou Delvani Brondani Rossi, 29 anos.
“Eu desmaiei. Caí e fui muito pisoteado. Alguém me tirou de lá. Ele deu o relato aos prantos para explicar por que não ajudou outras pessoas que estavam em meio às chamas”, disse Lucas Cauduro Peranzoni, que trabalhava como DJ na casa noturna.
O engenheiro Emanuel Almeida Pastl, de 27 anos, disse que ficou com os olhos queimados devido ao incêndio. “Quando eu saí, eu já estava com os olhos queimados. Então, na minha visibilidade, eu estava vendo fumaça em tudo que é lugar. Eu não consigo dizer o quanto eu vi de fumaça na rua ou não”, relatou.