Por João Paulo Ferreira | 17 agosto, 2024 - 11:29
Silvio Santos, um dos maiores ícones da televisão brasileira, faleceu neste sábado (17), aos 93 anos. Além de ser o criador e proprietário do Sistema Brasileiro de Televisão (SBT), ele construiu um vasto império empresarial que o levou a figurar na lista de bilionários da Forbes em 2013.
Sua trajetória de sucesso começou nas ruas, como camelô, onde desde cedo demonstrou habilidades excepcionais em vendas e comunicação, qualidades que impulsionaram o crescimento do Baú da Felicidade, assumido por ele em 1958. Esse foi o início do Grupo Silvio Santos (GSS), que expandiu suas atividades para setores como cosméticos, capitalização, mídia, incorporação imobiliária e hotelaria. Entre as empresas do grupo, destacam-se a Jequiti e a Liderança Capitalização.
Em 2013, Silvio Santos entrou na lista de bilionários da Forbes, com uma fortuna estimada em US$ 1,3 bilhão, sendo reconhecido como a primeira celebridade brasileira a alcançar esse patamar. Na época, o Grupo Silvio Santos já contava com mais de 30 empresas, gerando vendas anuais de US$ 2 bilhões.
Silvio integrou o ranking dois anos após a venda do banco PanAmericano, do qual era o principal acionista. O banco foi adquirido pelo BTG Pactual por R$ 450 milhões, em meio a um escândalo contábil.
O início de uma lenda
O talento de Silvio Santos logo chamou a atenção dos meios de comunicação no Rio de Janeiro. Nos anos 1950, foi convidado a trabalhar como locutor na Rádio Guanabara, dando início à sua carreira no rádio. Aos 20 anos, mudou-se para São Paulo e começou a trabalhar na Rádio Nacional, ao lado de Manuel de Nóbrega, que dirigia o Baú da Felicidade, empresa de venda de brinquedos a prazo.
Em 1958, Silvio assumiu a administração do Baú da Felicidade e, com sua visão empresarial, expandiu o negócio. Pouco depois, ele tomou o controle total da empresa. Durante os anos seguintes, diversificou os produtos oferecidos pelo Baú e, em 1963, estreou seu primeiro programa de televisão, “Programa Silvio Santos”, na TV Paulista.
Em 1965, Roberto Marinho adquiriu a emissora, e o programa continuou a ser transmitido pela TV Globo até 1976, quando Silvio decidiu deixar a emissora. Nesse período, surgiram outros negócios do grupo, como a Baú Financeira e a Tele Sena.
O nascimento do SBT
O sucesso como apresentador e empresário levou Silvio Santos a fundar sua própria emissora de televisão. Em 1976, ele lançou a TVS, que mais tarde se transformaria no SBT, inaugurado em 19 de agosto de 1981. O programa “Programa Silvio Santos” foi uma das primeiras atrações exibidas pela nova emissora.
Atualmente, o SBT conta com 114 emissoras e alcança cerca de 70 milhões de lares no Brasil. Ao longo dos anos, a emissora abrigou programas icônicos, como “Topa Tudo Por Dinheiro” e “Roda a Roda”, ambos apresentados por Silvio Santos, e “Domingo Legal”, comandado por Gugu Liberato até sua morte em 2019.
Em 2022, Silvio Santos deixou de apresentar seu programa dominical, que passou a ser comandado por sua filha, Patricia Abravanel. Outra filha, Daniela Beyruti, vice-presidente do SBT, assumiu a direção da emissora após o afastamento do pai.
Jequiti: uma aposta no mercado de cosméticos
Em 2006, Silvio Santos lançou a Jequiti, uma marca de cosméticos que entrou em um mercado competitivo, dominado por gigantes como Natura e Avon. A empresa conquistou espaço com produtos populares e hoje conta com 260 mil consultoras em todo o Brasil.
A Jequiti foi o segundo investimento do Grupo Silvio Santos no setor de cosméticos, após a aquisição da SSR Comércio de Cosméticos, em março de 2006. Atualmente, a Jequiti é uma das maiores empresas do segmento no país, com um valor de mercado estimado em R$ 450 milhões.
A crise do PanAmericano
Em 2011, Silvio Santos anunciou a venda do banco PanAmericano, após um escândalo contábil que revelou um rombo de R$ 2,5 bilhões nas contas da instituição. A venda foi realizada para o BTG Pactual por R$ 450 milhões. O banco, que fazia parte do Grupo Silvio Santos, foi rebatizado como Banco Pan em 2013, após a venda.
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