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VÍDEO: “Educando com o c*”: Historiadora travesti canta e dança funk polêmico em universidade e gera controvérsia

Performance de Tertuliana Lustosa em evento em universidade federal divide opiniões e é alvo de investigação pela instituição

Por João Paulo Ferreira | 18 outubro, 2024 - 13:03

Uma apresentação da historiadora da arte e cantora Tertuliana Lustosa durante uma mesa-redonda na Universidade Federal do Maranhão (UFMA) gerou polêmica nas redes sociais. Convidada para o seminário “Dissidências de gênero e sexualidades”, organizado pelo Grupo de Pesquisa Epistemologia da Antropologia, Etnologia e Política (Gaep), a historiadora, que é travesti, fez uma performance que incluiu uma dança erótica e a exibição dos glúteos enquanto cantava o brega funk “Educando com o C*”. O evento ocorreu na última quinta-feira (17) e causou uma onda de reações divididas.

O vídeo da apresentação, compartilhado por Tertuliana em suas redes sociais, mostra a historiadora cantando e dançando em cima da bancada dos palestrantes. Ela, que também é pesquisadora mestranda em Cultura e Sociedade pela Universidade Federal da Bahia e vocalista da banda “A Travestis”, foi aplaudida ao final da performance. Porém, a repercussão não foi totalmente positiva. Diversos internautas criticaram o ato, considerando-o “inadequado” para o contexto acadêmico e acusando a apresentação de ser “vergonhosa” em um ambiente universitário.

Reação e defesa de Tertuliana Lustosa

Após a ampla repercussão do vídeo, Tertuliana Lustosa se pronunciou, afirmando que a polêmica em torno de sua apresentação não é novidade. Ela já havia enfrentado críticas anteriormente por sua proposta “Educando com o C*”, que também é título de um artigo acadêmico no qual discute “traveco-terrorismo e descolonialidade de gênero na arte”. Segundo ela, o objetivo é provocar uma reflexão sobre as implicações do prazer e do corpo como potências pedagógicas e artísticas.

“Na verdade, desde que eu fiz o primeiro evento ‘Educando com o C*’, as pessoas já acharam um absurdo, falaram que a universidade é uma balbúrdia, mas as pessoas não entendem a produção do conhecimento”, disse a historiadora. “A pedagogia que eu proponho é essa, é educar com o c*. A minha travestilidade é uma ferramenta de luta, e eu a levo onde eu for para enfrentar todos os preconceitos.”

Tertuliana reforçou sua posição de desafiar os padrões tradicionais e conservadores: “Por onde eu for, onde eu passar, eu vou levar a minha travestilidade nordestina como forma de questionar o sistema. As pessoas querem me silenciar, mas eu não vou me calar. O meu corpo é político, e eu uso ele para provocar debates que são urgentes e necessários.”

Ela também se referiu aos críticos como “antiquados” e afirmou que muitos não se esforçam para compreender as diferentes formas de produção de conhecimento: “As pessoas que criticam são as que menos se esforçam para entender o que está sendo discutido. Elas preferem atacar e ridicularizar do que tentar analisar a proposta.”

Nota oficial da UFMA

Diante da repercussão do caso, a Universidade Federal do Maranhão emitiu uma nota oficial. No comunicado, a UFMA destacou seu compromisso com a pluralidade e a liberdade de expressão, mas também ressaltou a necessidade de manter um ambiente acadêmico respeitoso. A instituição informou que está investigando o ocorrido e tomará as providências necessárias após ouvir todos os envolvidos. Leia a nota na íntegra:

“Nesta quinta-feira, 17, a historiadora Tertuliana Lustosa, na condição de palestrante convidada pelo Grupo de Pesquisa Epistemologia da Antropologia, Etnologia e Política – GAEP, apresentou a sua pesquisa durante a Mesa-Redonda ‘Dissidências de gênero e sexualidades’, em que reproduziu e performou uma de suas canções, considerada inapropriada para o momento e a construção do debate acadêmico-científico em que se encontrava.”

“Como sabido, a Universidade é um espaço plural e de diálogos, dedicado ao conhecimento, à diversidade de ideias e ao respeito mútuo. Por isso entendemos que a liberdade de expressão é um pilar fundamental da academia, mas também ressaltamos a importância de se manter um ambiente harmônico e respeitoso para todos os membros da nossa comunidade.”

“Por ser um lugar de múltiplas formas de conhecimento, os cursos, de graduação e de pós-graduação, possuem autonomia para discutir os variados temas que permeiam a nossa sociedade e que se apresentam com base em diversas teorias científicas. Ressalta-se, contudo, que a UFMA não compactua com quaisquer tipos de ações que possam desrespeitar os valores e princípios basilares da instituição.”

“Nesse sentido, a UFMA informa que está averiguando o ocorrido e tomará as providências cabíveis, após o comprometimento de ouvir todas as vozes, reafirmando seu compromisso com um ambiente acadêmico inclusivo, respeitoso e transparente.”

A universidade finalizou o comunicado reafirmando que ainda está colhendo depoimentos e declarações para tomar uma decisão definitiva sobre o caso.

Contexto acadêmico e críticas

O seminário “Dissidências de gênero e sexualidades” abordava temas relacionados à diversidade de gênero e aos desafios enfrentados pelas dissidências sexuais na sociedade. A performance de Tertuliana Lustosa foi planejada como parte de uma proposta mais ampla de discutir o corpo e o prazer como instrumentos de expressão e resistência. Contudo, a exibição explícita gerou reações acaloradas, principalmente entre aqueles que consideram que o ambiente acadêmico deveria seguir normas mais tradicionais de apresentação.

O caso também trouxe à tona discussões sobre os limites da liberdade de expressão e da arte no meio universitário, evidenciando as tensões entre inovação artística e normas acadêmicas convencionais.

Confira o vídeo:

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