Por Viviane Freitas | 2 dezembro, 2021 - 11:27
A presidente da Casa do Aconchego, Suely Gomes dos Santos escreveu uma carta de renúncia em fórum organizado por assistentes sociais. O documento teve publicação foi nesta quarta-feira, 1° de Dezembro.
Suely está sendo investigada por maus-tratos aos idosos da casa de repouso que fica localizado no Bairro Taveirópolis, em Campo Grande (MS). Ação foi movida pelo Ministério Público Estadual (MPE), no qual, câmeras de segurança flagraram a mulher agredindo fisicamente e verbalmente os acolhidos. O local recebe repasses financeiros da prefeitura
Na carta, a presidente declarou que “tem gratidão pelo local que teve muitos anos de convívio, de aprendizagem, de compartilhamento de sonhos, de fortalecimento de ideais, de enfrentamentos dos imensos desafios que a Assistência Social vive em nosso País. Sei que trabalhei muito, por todos nós, e tive o privilégio de fazer muitos amigos e parceiros nessa luta, que me conhecem há anos e sabem do quanto minha vida tem sido dedicação a essa causa”.
“Espero, sinceramente, que ao me julgarem por essas duas cenas com as quais me acusam, lembrem-se de todas as outras, nas quais defendi todas as entidades desse fórum e seus usuários, e deem a mim créditos e débitos justos e condizentes com minha humanidade. Recebam meu abraço fraterno, mais uma vez minha gratidão e minhas desculpas pelos constrangimentos que eu possa ter dado causa, jamais intencionais ou tampouco habituais, mas excessões numa vida de dedicação e amor aos usuários da Assistência Social”, finalizou Suely.
A denúncia foi feita no mês de Junho desse ano e, desde então o fato está sendo apurado. Na avaliação da promotora de Justiça Cristiane Barreto Nogueira Rizkallah, as informações apresentadas indicam que Suely possui falta de aptidão e paciência.
Cristiane ressaltou no processo que “conforme disposto no artigo 4° da referida lei “nenhum idoso será objeto de qualquer tipo de negligência, discriminação, violência, crueldade ou apressão e todo atentado aos seus direitos, por ação ou omissão, será punido na forma de lei. Sendo certo que os direitos da pessoa idosa merecem proteção integral”.
Por conta das investigações, a juíza da Vara da Infância, Adolescência e do Idoso, Katy Braun, determinou medidas protetivas para os 19 idosos residentes na Instituição.
Em outra ação, foi decidida a busca a apreensão das câmeras de segurança para analisar a prática de desrespeito e abusos verbais/físicos contra os idosos.
De acordo com os documentos e declarações, o Ministério Público pediu o afastamento de Suely. “Ficou configurado a hipótese para o afastamento prévio da presidente e a proibição de qualquer tipo de contato com os acolhidos”.
Outro lado – O advogado de defesa da presidente, Alex Santos falou ao Diário Digital. Ele relatou que “todos os argumentos e provas em defesa das denúncias levadas ao conhecimento do Ministério Público e serão carreadas nos autos com o objetivo de alcançar a improcedência da ação proposta”.
Casa do Aconchego – É uma instituição de longa permanência que acolhe pessoas da terceira idade em Campo Grande (MS).
Carta para o Fórum de Entidades de Assistência Social
“É com muita tristeza que venho apresentar meu pedido de afastamento desse espaço de lutas, o qual durante tantos anos defendi e me dediquei integralmente. Em razão da denúncia que me atinge justamente no que me é mais caro, meu compromisso com as pessoas atendidas pela Casa do Aconchego, me afastei do trabalho direto na entidade, e por essa razão também vou me afastar dos espaços participativos nos quais a represento . Mas não poderia deixar de trazer a vocês minhas palavras de gratidão e de minha própria narrativa dos fatos. A gratidão guardo pelos muitos anos de convívio, de aprendizagem, de compartilhamento de sonhos, de fortalecimento de ideais, de enfrentamentos dos imensos desafios que a Assistência Social vive em nosso País. Sei que trabalhei muito, por todos nós, e tive o privilégio de fazer muitos amigos e parceiros nessa luta, que me conhecem há anos e sabem do quanto minha vida tem sido dedicação a essa causa. Mas também é preciso falar, narrar pra vocês, um grupo que eu sempre respeitei e que em muitas oportunidades defendi, que como pessoa, falível, humana, estou sujeita a erros, e no caso das imagens que vocês assistiram, usadas como vingança por um ex- funcionário magoado com as circunstâncias de sua demissão, a pessoa que está no quarto, deitada, e que me atinge com um pontapé, é meu irmão, a quem tento cuidar em razão de dependências químicas, cuidado esse que me impõe obrigações, enfrentamentos, dificuldades familiares e muitas vezes violência contra mim ou contra quem quer que tente ajudá-lo, o que é lamentável e muito triste. Naquele caso, talvez tenha errado em tentar ajudá-lo na instituição que presido, mas entendia que seria a única chance de mantê-lo sob algum controle. Peço portanto que me desculpem se com meu coração de irma, errei em tentar socorrê-lo sob minha tutela. Já o outro senhor, cuja cena demonstra apenas o momento da discussão com meu descontrole em jogar o copo que estava em sua mão no chão, trata-se de pessoa com dificuldades comportamentais, cujo manejo realmente implica em um preparo técnico o qual não estou devidamente preparada, me envolvi num momento de enfrentamento dele que realmente não tinha condições de superar, e lamento imensamente por meu comportamento inadequado para o quadro de saúde mental dele, eu jamais deveria tê-lo enfrentado. Me desculpo por isso. Quero ainda narrar que encontrei uma realidade totalmente diferente dessa que estou deixando, e em pouco menos de um ano, consegui dar àquela entidade muitos aspectos de melhora, tanto no ambiente limpo, feliz, estruturado, como nas instalações novas, organizadas, respeitando a individualidade de cada um ali vivendo. Muitos projetos, muitos sonhos, muitas decisões acertadas, muita proteção, muita dedicação, noites e noites em claro para dar conta de recomeçar uma entidade do zero. Tudo isso só foi possível porque tenho essa forma determinada de enfrentar os problemas. Isso atrai também inveja, inimizades, porque nunca soube ser morna em nada do que faço. Sim, sou uma pessoa combativa, falo alto, mas sempre em defesa dessa causa, jamais contra as pessoas que acolho. Se meu esgotamento me levou a atitudes incorretas e impensadas, muitas foram minhas atitudes em defesa das pessoas ali acolhidas. Espero, sinceramente, que ao me julgarem por essas duas cenas com as quais me acusam, lembrem-se de todas as outras, nas quais defendi todas as entidades desse fórum e seus usuários, e deem a mim créditos e débitos justos e condizentes com minha humanidade. Recebam meu abraço fraterno, mais uma vez minha gratidão e minhas desculpas pelos constrangimentos que eu possa ter dado causa, jamais intencionais ou tampouco habituais, mas excessões numa vida de dedicação e amor aos usuários da Assistência Social.”
20 dezembro, 2024
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