Número 1 entre os salões de luxo da Capital, Cleber Ribeiro tem além do talento uma linda história de superação

Sair da zona de conforto é libertador! E depois de ler a história de vida do sul-mato-grossense, Cleber Ribeiro, você vai concordar comigo. Após seis anos servindo ao quartel no município de Coxim – região norte de Mato Grosso do Sul, ele decidiu sair da zona de conforto e ir atrás de algo que queimava em seu coração, decisão essa que o levou a se tornar referência para muitos profissionais, a ter o estúdio de beleza número um entre os salões de alto padrão em Campo Grande e um dos cabeleireiros experts em mechas de cabelos do Estado.

Vamos lá, tudo começou em meados de 2006, em sua cidade natal. Seu pai Júnior Ribeiro era funileiro e seu sonho era que o filho seguisse a profissão. “Ele morria de vontade que eu fosse funileiro, mas eu chorava toda vez que lixava uma roda”, conta rindo.

Na época, a família de Cleber passava por um dos momentos mais turbulentos após sua mãe, Solange  Ribeiro, descobrir um câncer. “Ao descobrirmos a doença, viajamos a Campo Grande para ela fazer o tratamento. Quando retornamos para Coxim, meu pai não conseguiu continuar na área da funilaria e teve que buscar outra forma de trabalho. O que foi um alívio”, conta.

Cleber explica que seu pai iniciou uma sociedade com um irmão da igreja na área de publicidade e vendas que durou três anos até receber a notícia de que o câncer da sua mãe tinha retornado. “Meus pais tiveram que voltar à Capital para um novo tratamento, mas dessa vez eu fiquei em Coxim para me alistar e servir ao exército. Era o sonho da minha mãe, que eu servisse e alcançasse uma profissão”, conta ao OSM.

Cleber abraçou o sonho da sua mãe e deu o seu melhor durante o serviço no exército, chegando a consolidar uma carreira e se destacar na equipe de músicos do quartel. E lá se passaram dois anos.

Cleber permaneceu seis anos no quartel, em Coxim.

“Eu sempre gostei da área da beleza, mesmo no exército. Então, nesse meio tempo, nas horas vagas eu procurei a me profissionalizar e entender sobre a área, que na época era super difícil pois não tinha Internet. Eu fui fazendo tudo sozinho e por conta. E claro, as cobaias eram minhas irmãs. Fui à casa de cosméticos, comprei produtos e comecei a treinar nos cabelos delas e a desenvolver algumas técnicas”, diz. E complementa, “Minha mãe nem pode nem acompanhar essa fase minha vida na área da beleza, pois perdeu o cabelo durante o tratamento”, diz.

Até que chegou a notícia: o falecimento da sua mãe. Perder um ente querido não é fácil, ainda mais uma mãe. Mas, Cleber usou a dor como trampolim para dar um pequeno salto naquela vontade que queimava em seu coração. E foi então, que ainda no quartel, iniciou a sua jornada no ramo da beleza, em 2009.

Na volta de seu pai para a cidade de Coxim, ele novamente teve que iniciar em um novo ramo de trabalho, desta vez, na área de beleza como representante e foi nesse momento que Cleber teve um insight que mudou a sua trajetória de vida.

“Quando meu pai começou nesse ramo eu tive um start para entrar também e foi o que fiz. Entrei na área e conheci uma cabeleireira que tinha uma escola em Cuiabá- MT, me organizei no quartel e fui fazer o curso durante as férias. Na verdade, eu nem aprendi nada, mas voltei me achando”, sorri.

Cleber conta ao OSM, que durante três anos ficou dividido entre a zona de conforto e a nova jornada da sua vida. Então trabalhava durante o dia no quartel e a noite atendia as suas primeiras clientes. “Cheguei a ficar ‘preso’ no quartel muitas vezes por virar a noite atendendo as clientes e chegar atrasado”, relembra.

Tem um personagem na história de Cleber que fez toda a diferença para chegar aonde está. Uma pessoa que acreditou no seu sonho e o incentivou: o seu pai. Eles tinham uma casa que foi construída pelo seu pai para sua mãe, pois o seu sonho era a casa própria. E foi na casa dos sonhos da sua mãe que os sonhos de Cleber deram início, graças a improvisação e o dom de seu pai.

Jocimara Ribeiro, 1ª cliente de Cleber Ribeiro.

“Ele pegou umas cadeiras de escritório, inclinou o encosto das costas para ela ficar na vertical, comprou um tanque de acrílico de PVC, cortou o meio para encaixar o pescoço, fez uma ligação da água, cortou o cano de gás para apoiar o pescoço das clientes. Enfim, nós não tínhamos dinheiro para comprar um lavatório que hoje custa em torno de R$3 mil, então ele fez de tudo para que eu pudesse proporcionar algum conforto as clientes”, conta muito emocionado.

“Às vezes nós achamos que precisamos de muito para fazer as coisas e eu me lembro que e com tão pouco fizemos muita coisa, transformamos vida de muitas pessoas, foi surpreendente”, enfatiza.

Mas foi no sexto da sua carreira no quartel que decidiu a entrar de cabeça para a área da beleza e se profissionalizar. “Eu já estava muito cansado dessa divisão de trabalho e já não queria mais aquilo. Nessa fase final eu comecei a buscar informação e fiz alguns cursos e workshops na minha cidade, até conhecer um grande amigo (Agnaldo) que me apresentou as melhores academias da área”.

O trampolim – De Coxim à Buenos Aires

Se você achou que agora ele saiu do quartel e foi viver o seu sonho, achou errado. Ainda não era o momento. Mas ele se organizou para fazer um curso na Academia Internacional, Pivo Point, em Buenos Aires.  Líder em Educação Continuada para hairstylists no Brasil e no mundo.

“Eu me lembro que na época o curso custava mil dólares o que era em torno de dois mil reais. Então foi suado! Mas, eu fui para Buenos Aires e foi surreal. Lá fiz muito network, muitas amizades e aprendi muita coisa”.

E foi na volta para Brasil que a decisão definitiva foi tomada e ele então saiu totalmente da zona de conforto, pediu baixa do quartel, abraçou o sonho e foi morar em São Paulo.

“Lembrei do pessoal de São Paulo que tinha conhecido durante o curso, meti a cara e fui”, relembra.

Chegando em São Paulo, o choque cultural aconteceu. Mas, Cleber conta ao OSM dobrou as mangas e foi à luta procurar um serviço. “Eu me lembro que o primeiro trabalho que era em um salão no Pátio da Paulista e eu morava em uma pensão no Frei Caneca e eu ia a pé ao salão todo dia”.

Cleber no salão do Celso Kamura em São Paulo

A reserva acabou, mas à vontade de vencer era maior do que as dificuldades e uma luz no fim do túnel apareceu. E ele descreve que era para acontecer. “Quando é para acontecer, acontece“, disse.

Cleber iniciou o trabalho como assistente de cabeleireiro em um salão que hoje em dia sustenta o nome de um dos maiores profissionais do Brasil, no salão do Papa dos dos Hairstylist, o Celso Kamura. “O homem tem uma visão de mundo gigantesca, uma autenticidade criativa muito grande. Ele é um colorista, cabeleireiro e maquiador brasileiro e possui mais de trinta anos de atuação no ramo da beleza, sendo conhecido por cuidar do visual de várias personalidades do país.”, comenta.

“Cheguei lá falando porta, porteira, portão…. me lembro como se fosse hoje, fui fazer o teste, fiquei na segunda cadeira, minha perna tremia muita e eu via de rabo de olho, o Celso me observando. Hoje dá para rir, mas no dia foi muito difícil”, relembra.

E foi lá que Cleber ganhou muito aprendizado e chegou atender clientes inimagináveis, como a ex-presidente, Dilma Rousseff e as famosas apresentadoras, Angelica Ksyvickis Huck   e Xuxa Meneguel, entre outras.

Após alguns anos de muita experiência, Cleber retorna em 2013 para suas origens, em Mato Grosso do Sul, desta vez, na Capital.  Com a alta estima elevadíssima trabalhou em diversos salões até chegar no Lounge Hair, onde se estabeleceu por seis anos.

Mas ele ele não parou por aí. Continuou  na busca pela formação e aprimoramento, fez cursos com os mais variáveis nomes até se tornar especialista em mexas e um dos cabeleireiros mais renomados do Estado, com Know Hall em colorimetria – matemática das cores dos cabeleireiros.

A vitória chegou

Cleber e Caio se casaram em Abril de 2017.

Cleber então sai do salão onde permaneceu durante seis anos e vai para outro salão conhecido na cidade e percebe que 80% da sua cartela de cliente o acompanha.  “Nessa fase, eu e meu marido, Caio Henrique,  íamos nos mudar para a Irlanda, tínhamos comprado passagem, feito matrícula para pegar o visto de estudante, estava tudo certo até a ficha cair que muitas clientes tinham me acompanhado e gostavam do meu trabalho e a luz amarela acendeu”, conta ao OSM.

Então, decidiram ficar em Campo Grande, mas com uma condição: abrir o próprio salão. E foi então que em novembro de 2019 que nasceu o estúdio JCleber Ribeiro.   “Foi assustador! Era um espaço muito pequeno no Jardim São Bento, tínhamos apenas três cadeiras, um lavatório e duas poltronas de manicure”, explica.

O trabalho foi árduo mais valeu a pena. O conhecimento, a bagagem e a técnica ele já tinha. Foi a vez de investir a finco na área do marketing e o resultado não deu outra: sucesso!

Devido a tudo que viveu e experimentou, ele desenvolveu a capacidade de aprender de tudo. “Foi tudo muito desafiador, porque o cara do interior meter a cara e ir para cima, foi uma descoberta incrível. E não imagino sendo diferente, não poderia ter tomado outra atitude, pois é nas dificuldades que nos provamos“.

Pandemia: Superação

E mais uma superação entrou para a lista do Cleber. Em menos de 9 meses, surgiu a necessidade de aumentar o espaço e isso aconteceu bem no início da pandemia. “Teve dias da cliente sentar-se na cadeira da manicure e a manicure no chão. Em menos de um ano tivemos que ampliar o espaço, pois já não estávamos dando conta da demanda”, conta.

As mulheres que sentam na cadeira do Estúdio JCleber Ribeiro, sabe que o seu diferencial é a experiência que proporcionam. “Elas vem não apenas na busca da auto estima, mas na busca de se encontrar, e vem para ter um momento de paz“, comenta.

Caio e Cleber são sócios no salão. “É de extrema importância a presença dele aqui, é a pessoa que responsável por tudo que está acontecendo. Sou muito grato por isso. E é quem me faz feliz“.

Estúdio JCleber Ribeiro, Itanhangá Park

Hoje, o Estúdio JCleber Ribeiro, é um dos salões de cabelos mais procurados de Campo Grande e conta com 15 profissionais, entre cabeleireiros, esteticistas, extensionistas de cílios, de unha, manicure e pedicure,  maquiadoras e depiladoras. E ainda trabalham com estética facial e corporal, feminino e masculino.

“Não desistam. A pandemia já está passando e tudo vai melhorar. Se eu disser que diante às dificuldades nunca passou pela minha cabeça em desistir eu estaria mentindo, mas nada como um dia após o outro. Toda vez que o sol nasce, é mais uma oportunidade. De tanto querer e de tanto tentar, uma hora a gente chega lá“, finaliza.