A prefeitura de Campo Grande lançou em agosto, o Parque Turístico Municipal de Campo Grande – Cachoeiras do Ceuzinho. A área de 28 hectares, às margens da CG-060, está inserida na Área de Proteção Ambiental da Bacia do Córrego Ceroula e, há muitos anos, é destino de aventureiros de todas as partes da cidade.
Longe de ser uma cidade “sem água”, é dentro de Campo Grande que o Ceroula nasce – fruto da união de três grandes nascentes. O córrego segue seu fluxo até chegar ao Rio Aquidauana e de lá, se junta ao Rio Paraguai. É o que explica Cristevan Frederico Corrêa Veloso, guia turístico e sócio da Trilha Extrema.
No caminho até o Aquidauana, o Ceroula brinda a cidade com algumas cachoeiras. Três delas são mais conhecidas: a da Pontezinha, a do Ceuzinho – que tem 25 metros – e a do Terceiro Salto.
Nessas cachoeiras, muitos aventureiros encaram o rapel, fazem trilhas e se refrescam nos dias quentes.
É nesse trajeto também que a natureza se mistura com a história de Campo Grande. No meio da mata ainda é possível encontrar as ruínas da primeira usina hidrelétrica da região.
A Usina Ceroula começou a ser construída em 1920. Três anos depois, já estava distribuindo energia para Campo Grande. Mato Grosso e Mato Grosso do Sul ainda eram um só e a população por aqui era tímida.
Por isso, o motor de segunda mão, vindo do interior de São Paulo, era o suficiente para abastecer a cidade. Muito pouco se sabe sobre como a estrutura foi montada no meio da mata, mas, o fato é que ali a força da água passava pelas máquinas, produzia energia e depois voltava para o leito do córrego.
“A subestação dela, que gerava energia para as casas, fica até hoje ali perto da estação ferroviária. Hoje, tem o monumento da Maria Fumaça. Ele está desativado, mas ainda dá para ver a subestação ali”, revelou a guia turística Vyvyann Mellânie Freire Luna.
A energia abastecia primeiro os quartéis, depois o centro da cidade. Segundo Cristevan, a informação que se tem hoje, é de que a usina chegou a abastecer 50 mil pessoas, mas por volta de 1976, passou a não ser mais suficiente para o tamanho da população. “Ficou obsoleta”.
Parte da história, no entanto, ficou ali, preservada pela natureza. Mas, o acesso sem proteção a região levou também a destruição.
Quem vive do turismo da região, como é o caso do Cris e da Mel, é fácil notar a degradação do meio ambiente, tanto pelas trilhas “refeitas” por motos e carros, quanto pela quantidade de lixo que se encontra no caminho.
A esperança está justamente na transformação da área em um patrimônio público, cuidado pelo município e usado de maneira responsável por toda a população – de dentro e fora do Estado.
“A importância do parque hoje, ali naquela região, para gente contar o contexto histórico, conhecendo Campo Grande em meio a natureza, com muito mais possibilidade do que temos hoje, é imensa. Vamos poder levar crianças, mostrar na prática, no toque com a água, como a natureza funciona, vai muito além do turismo de aventura”, reforçou Mel.
Confira as fotos do projeto: