Por Viviane Freitas | 24 fevereiro, 2022 - 13:56
O documentário de 35min, a cores, produzido com recursos da Lei Aldir Blanc, intitulado “Sidrolândia Memórias”, de Jander Gomez, vai ser exibido pela primeira vez na noite desta quinta-feira (24), na cidade de Sidrolândia, na Praça Porfírio Pereira de Brito, com apoio da FCMS.
O filme conta a história da formação da cidade de Sidrolândia pelo olhar de historiadores, antropólogos e principalmente por quem vive essa construção. O desbravamento criativo municipal, sua população e o papel das mulheres em toda a sua história.
O produtor cultural, escritor e roteirista de cinema Jander Gomez diz que Sidrolândia é uma cidade que começa, de certa forma, errada. “Há um mistério muito grande, por exemplo, sobre a Dona Deolinda Pereira de Brito, que era as donas das terras que hoje está localizada a cidade. Toda a história de Sidrolândia passa pelas mulheres de forma muito mais decisiva que dos homens ao qual essas mulheres eram esposas. O documentário questiona principalmente, o apagamento da dona da fazenda que se formou Sidrolândia. Onde está a memória da Deolinda Pereira de Brito, a mulher que se casou com Porfírio de Brito pra se formar Sidrolândia? Por que a segunda esposa (Catarina de Abreu) tem a memória honrada e Deolinda não? Quais mulheres fazem parte da memória da cidade que podem ainda nos contar sobre elas e suas lutas? E então a ideia surgiu; contar a história de Sidrolândia por meio das mulheres”.
Jander diz que a dificuldade residia em que as mulheres que estão no documentário sabiam pouco da história da cidade. Então ele teve que recorrer a um historiador local, o escritor Zoe Prates, para que ele conduzisse a história. “Nesse percurso, conseguimos desvendar a morte de Deolinda Pereira de Brito, encontramos duas netas dela que nos contou sobre como era sua vida”.
Quando perguntado sobre as dificuldades enfrentadas no processo de filmagem, Jander diz que os registros históricos da cidade são pouquíssimos. “Recorri a depoimentos e aos poucos registros fotográficos e documentos. As entrevistas aconteceram em locais públicos e de fácil acesso para os entrevistados. Levamos a produção para a casa de três entrevistados, mas sem alguma dificuldade. Nas imagens da cidade, perdemos alguns dias porque, a previsão do tempo não dizia que iria chover e nos pegava de surpresa. Perdemos alguns dias. A dificuldade maior foi filmar a Casa de Pedras onde os escravos ficavam. Pela distância, no caso. E no fim, acabamos por não usar as imagens de lá. Foi um processo trabalhoso, mas não dificultoso. A maior dificuldade, como eu disse, foram encontrar fontes que pudessem ser acessadas para dar vivacidade a história”.
“Estamos vivendo em um mundo digital. A história será guardada – daqui em diante – tanto nos livros quanto nos algoritmos da internet. Por exemplo, se tivessem a ideia, quatro, cinco anos antes, teriam captado imagens de Catarina de Abreu, a esposa de Sidrônio Antunes de Andrade. Homem que empresta seu nome para a cidade. Catarina só não sofrerá do mesmo apagamento que Deolinda – dona das terras – sofreu, porque está presente em homenagens póstumas. A primeira prefeita será lembrada? A primeira vereadora? A dona de casa que viu o único cinema que a cidade teve ser aberto e fechado? E quando o único historiador morrer? Quem vai carregar a memória da cidade? Então é isso; a naturalidade de ouvir quem viveu a história é muito importante para a própria história. Dá segurança. E contar essa história em audiovisual é a memória que a cidade precisa para não perder no tempo quem ajudou a criá-la”, finaliza Jander.
A exibição do documentário “Sidrolândia Memórias”, de Jander Gomez acontece hoje às 19h na Praça Porfírio Pereira de Brito, em Sidrolândia.
24 novembro, 2024
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