Por Viviane Freitas | 6 fevereiro, 2024 - 9:29
O Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS) incluiu ao autos do processo judicial da morte de Sophia Jesus OCampo um roteiro que refaz as últimas horas da menina, que morreu aos 2 anos em 26 de janeiro de 2023. O último dia da criança em vida foi feito com base em laudo pericial no celular de Christian Campoçano, que é padrasto e réu pela morte da menina.
As mensagens apontam uma cronologia dos fatos ocorridos nas últimas 24 horas de vida da menina. As mensagens também mostram práticas sexuais realizadas na presença de Sophia, na casa onde ela morreu.
O roteiro foi feito após o juiz responsável pelo caso, Aluízio Pereira dos Santos, pedir que o órgão se manifestasse quanto às contrarrazões apresentadas por Christian e a mãe da criança, Stephanie de Jesus, nas quais as defesas pedem que ambos sejam inocentados.
A mãe de Sophia, Stephanie, levou a criança já sem vida à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Bairro Coronel Antonino em janeiro de 2023. No local, foi constatado que ela tinha diversos hematomas pelo corpo e sinais de estupro. Stephanie e Christian, padrasto de Sophia, estão presos preventivamente desde então, aguardando julgamento.
Último dia de Sophia
O roteiro do último dia de Sophia foi apresentado pela promotora Ana Lara Camargo de Castro. A versão do MPMS contesta alguns pontos apresentados pelos réus. Por exemplo: Christian alegou que estava dormindo durante todo o ocorrido com a enteada e apenas foi acordado por Stephanie, quando a mesma estava de saída para ir até a UPA.
Para a promotora, “tal conclusão se dá” porque algumas horas depois de relatar o estresse, o réu novamente enviou mensagens, desta vez noticiando o que seriam “os primeiros sintomas da fatal lesão sofrida por ela (Sophia)”.
Christian, então, contou que ministrou soro e dois tipos de medicamento, além de ter dado um pano para que a menina não sujasse toda a casa, já que havia vomitado mais de 4 vezes. “Eu acho que agora ela só vai ficar morrendo aqui”, disse.
“Durante a última noite de vida da menina, os réus trocaram mensagens mostrando o estado prostrado, deitada e aparentemente debilitada, “bem como como diálogos que evidenciam que Sophia teve uma piora considerável, contudo, os réus optaram por não levar para o atendimento médico e usaram meio paliativo”, explica a promotora nos autos.
No mesmo diálogo, o acusado revela que a mulher queria levar a filha ao médico, mas, para ele, não adiantaria. Emenda opinando que a companheira queira mesmo pegar atestado para não ir ao trabalho.
Na mesma peça, o MPMS aponta que entre as mensagens recuperadas pela perícia, o padrasto da pequena ensina a esposa como fazer Sophia parar de chorar, asfixiando-a no colchão.
“Dá uns tapão nela, aí você vira a cara dela pro colchão e fica segurando porque aí ela para de chorar, é sério. Parece até tortura, mas não é porque aí ela fica sem ar para chorar e para de chorar”.
23 novembro, 2024
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