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Mato Grosso do Sul possui menor percentual de população em favelas no Brasil

Estado também tem o segundo menor número de comunidades urbanas do país, revela Censo

Por João Paulo Ferreira | 11 novembro, 2024 - 10:08

Vista da favela Homex, localizada em Campo Grande, Mato Grosso do Sul. A comunidade é uma das áreas mapeadas pelo Censo 2022, que destaca a realidade das favelas e comunidades urbanas no estado – Foto: TV Morena

O Censo Demográfico de 2022, divulgado recentemente pelo IBGE, apontou que Mato Grosso do Sul (MS) é a unidade federativa brasileira com o menor percentual de pessoas vivendo em favelas e comunidades urbanas. Com apenas 0,6% da população local residindo em áreas desse tipo, o estado se destaca nacionalmente, além de também possuir o segundo menor número absoluto de comunidades urbanas e favelas no país. Esse levantamento traz um panorama sobre as condições e o perfil dos moradores dessas áreas, abrangendo dados sobre raça, gênero, idade, saneamento e educação.

Mato Grosso do Sul apresenta baixa concentração de favelas e comunidades urbanas

Com apenas 31 favelas e comunidades urbanas em seu território, Mato Grosso do Sul se destaca como um dos estados com menor concentração de áreas classificadas como favelas, atrás apenas de Roraima, que possui 10 dessas comunidades. Em 2010, MS contava com oito favelas, o que representa um aumento de 287,5% em 2022. Ainda assim, o percentual é baixo, já que essas 31 comunidades representam somente 0,25% do total nacional.

Entre os 79 municípios do estado, apenas oito registram domicílios em favelas ou comunidades urbanas, com Campo Grande liderando em número de áreas, com 16 dessas comunidades. Comparativamente, São Paulo lidera nacionalmente, com 3.123 favelas e comunidades urbanas, representando 25,3% do total, seguido pelo Rio de Janeiro, com 1.724 (14%).

Campo Grande e Aquidauana têm mais domicílios em favelas

Campo Grande e Aquidauana são os municípios com o maior número de domicílios em favelas e comunidades urbanas em Mato Grosso do Sul. O censo contabilizou 6.347 domicílios nessas áreas no estado, dos quais 5.358 eram domicílios particulares ocupados, representando 85,6% do total, enquanto 4,8% eram de uso ocasional e 9,6% estavam vagos.

O maior número de domicílios foi identificado em Campo Grande, com 2.988 residências, seguido de Aquidauana, que conta com 736 domicílios. No cenário nacional, esse número é significativamente menor do que os estados com maior presença de comunidades urbanas.

Perfil da população em comunidades urbanas

No que diz respeito ao perfil dos moradores dessas áreas em MS, o censo identificou que a maioria é composta por homens, invertendo o padrão geral do estado, onde 50,8% da população é de mulheres. Nas favelas e comunidades, 50,17% dos moradores são homens, enquanto as mulheres representam 49,83%.

Além disso, a população jovem se destaca nesses locais. O índice de envelhecimento entre moradores de favelas é de 21,8, muito abaixo do índice geral do estado, que é de 64,4, refletindo uma população mais jovem. A idade mediana também mostra essa diferença, com 25 anos nas comunidades urbanas e 33 anos para o restante da população.

Quando se analisa a população por cor ou raça, os dados mostram que a maioria é parda, representando 61,67% dos residentes nessas áreas. A população indígena em favelas no estado é reduzida, com 539 pessoas, representando o terceiro menor percentual entre os estados brasileiros. Em Corumbá, Aquidauana e Campo Grande encontram-se as maiores concentrações de indígenas nessas áreas.

Desafios de infraestrutura e saneamento

O levantamento do IBGE também apontou desafios de infraestrutura e saneamento para os moradores de favelas e comunidades urbanas em MS. Cerca de 16% dos domicílios ocupados nessas áreas não tinham ligação à rede geral de água. Em municípios como Ponta Porã, esse número chegou a 9,35%, enquanto em Novo Horizonte do Sul, todos os domicílios tinham acesso a essa rede.

As casas são o tipo de moradia predominante, correspondendo a 98,7% das residências nessas comunidades. A proporção de casas cai para 93,3% em nível nacional, onde apartamentos e outros tipos de habitação ganham espaço.

Além das residências, Mato Grosso do Sul conta com 324 estabelecimentos em favelas e comunidades urbanas, sendo que 13,3% deles são estabelecimentos religiosos, seguidos por estabelecimentos de ensino e saúde. As edificações em construção também apresentam número expressivo, com destaque para Sidrolândia e Corumbá, que possuem 55 e 70 dessas estruturas, respectivamente.

Educação e alfabetização apresentam índices menores

A taxa de alfabetização entre os moradores das comunidades urbanas em Mato Grosso do Sul é inferior à média do estado. Enquanto a média geral é de 94,6%, entre os moradores de favelas o índice é de 92,1%. Entre os idosos dessas áreas, a taxa de analfabetismo atinge 31,2%, significativamente maior que os 18,9% na mesma faixa etária para o restante da população.

Panorama nacional: desafios para outras regiões

Em comparação com o cenário nacional, MS se destaca com baixos índices de concentração de favelas e comunidades urbanas, mas outros estados enfrentam desafios maiores. Em São Paulo, a população em favelas chega a 3,63 milhões de pessoas, e no Rio de Janeiro, a 2,14 milhões. Manaus e Belém possuem os maiores percentuais de suas populações vivendo em favelas e comunidades urbanas, com 55,8% e 57,1%, respectivamente, enquanto Salvador e São Luís também têm proporções elevadas, acima de 30%.

O Censo 2022 evidencia as disparidades regionais no país e os desafios relacionados à urbanização, saneamento, educação e habitação, destacando a necessidade de políticas públicas adequadas para atender às condições específicas de cada localidade.

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