Por Viviane Freitas | 20 setembro, 2022 - 9:50
Uma invasão de centenas, até milhares, de crocodilos inundou uma praia brasileira e está causando pânico na população. Isto é o que dizem publicações com informações falsas que circulam na internet nesta semana. A mensagem foi replicada, principalmente no Twitter, por diversas contas em inglês e francês. A contradição, porém, reside no seguinte fato: o vídeo utilizado nas postagens, além de estar fora de contexto, mostra, na verdade, um amontoado de jacarés no Pantanal.
“Pra vocês que nunca viram jacaré, Rio Nabileque, Pantanal do Mato Grosso do Sul, município de Corumbá”, diz um homem no vídeo que está sendo compartilhado. Enquanto filma, ele deixa claro que não se trata de uma região litorânea. Em comentários, internautas do Brasil alertaram, também em inglês, sobre a informação falsa, que foi veiculada até mesmo por contas verificadas. Até esta sexta-feira (16), uma das postagens tinha mais de 7 milhões de visualizações e 148 mil curtidas. O recorte utilizado para propagar a notícia falsa mostra uma parte do rio, que, à primeira vista, pode de fato ser confundido com uma praia. Apesar de não haver comprovação da data, um registro mais longo da filmagem não deixa dúvidas: trata-se de um rio.
Já o tal “crocodilo” (Crocodylus porosus) nada tem de tão assustador ao ponto de causar o pânico entre a população da cidade da suposta “praia”, que não existe. Isto porque o réptil que aparece no vídeo, na verdade, trata-se de um jacaré-do-pantanal (Caiman Yacare), uma das várias espécies típicas do bioma, e que nos últimos anos vem sofrendo com a perda de cobertura de água no bioma.
“Em várias regiões do Pantanal, os jacarés permanecem aglomerados por causa da água, na tentativa de sobreviver. A situação é desesperadora, muitos já morreram, não resistem à fome. Os mais resistentes conseguem sobreviver até as chuvas voltarem”, disse a ((o))eco, Zilca Campos, pesquisadora da Embrapa Pantanal, ao explicar que, geralmente, os jacarés se concentram nos corpos de água remanescentes. A cena do vídeo, diz ela, tem ocorrido com frequência, desde 2019, por conta do período de estiagem que atinge o bioma.
Confira o vídeo:
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