O Brô MC’S, primeiro grupo de rap indígena do Brasil, será uma das atrações da noite no Grammy Museum, em Los Angeles (EUA), nesta segunda-feira (25). Os artistas participarão do pré-lançamento do novo álbum do Dj Alok, “Futuro Ancestral”. O grupo é composto por Kelvin Mbaretê, Bruno Veron, Clemersom Batista e Charlie Peixoto, membros das comunidades Jaguapiru e Boróró, localizadas em Dourados (MS), a 235 km de Campo Grande. Eles pertencem à etnia Guarani Kaiowá e estão na estrada há 15 anos. Para uma plateia de 300 pessoas, os quatro apresentarão a faixa em que colaboraram no álbum de Alok, a mesma música que foi tocada em um evento da ONU em Nova York, em 2023. De acordo com a assessoria do grupo, um novo álbum chamado “Retomada” também está previsto para lançamento em breve.
Os rappers sul-mato-grossenses misturam português e guarani em suas letras. Em 2022, o Brô Mc’s foi o primeiro grupo de rap indígena a se apresentar no Rock in Rio (RIR). No ano passado, foram mencionados em uma pergunta do Enem que abordava a fusão das manifestações artísticas urbanas com a cultura indígena, bem como o estímulo ao estudo da poesia indígena para o crescimento do gênero entre os movimentos dos povos originários. Os membros do grupo expressam o desejo de redefinir a imagem dos povos originários e demonstrar que os indígenas podem ocupar diferentes espaços, como universidades, empregos, música e arte.
Bruno destaca: “Quando éramos crianças, ninguém nos ouvia. Então, encontrei uma maneira de dizer: o povo Guarani-Kaiowá está aqui. Antigamente, lutávamos com arco e flecha, mas agora nossa arma é nossa voz, nossa música, nossas rimas”. Os quatro cresceram com a música presente em rituais sagrados, aprendendo cânticos tradicionais com os rezadores. Esses cânticos influenciam algumas de suas músicas, e eles compartilham histórias de rezadores que enfrentaram perseguição e tiveram suas casas queimadas.