Por João Paulo Ferreira | 9 agosto, 2024 - 10:59
O Governo de Mato Grosso do Sul, por meio da Secretaria de Estado de Turismo, Esporte e Cultura (Setesc) e da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul (FCMS), deu início a uma série de eventos em homenagem ao centenário de Helena Meirelles, a célebre violeira que se tornou um ícone da cultura regional e da música caipira. As comemorações, que acontecem em Campo Grande, se estendem ao longo de uma semana e têm como objetivo não só relembrar a trajetória da artista, mas também fortalecer o legado que ela deixou para as futuras gerações.
Helena Meirelles: uma lenda nascida no interior
Nascida em 1924, no distrito de Bataguassu, Helena Meirelles cresceu em um ambiente marcado pelas tradições sertanejas. Desde cedo, a música fazia parte de seu cotidiano, embora de forma clandestina, já que sua família não aprovava que ela tocasse a viola caipira. Desafiando essas restrições, Helena aprendeu a tocar às escondidas, inspirada pelos sons que ouvia dos peões e violeiros que passavam pela fazenda onde vivia.
Aos 17 anos, forçada por seus pais, Helena casou-se, mas o matrimônio não durou muito. Em sua busca por liberdade e realização pessoal, ela deixou o marido e se uniu a um músico paraguaio, começando a trilhar o caminho que a levaria ao reconhecimento. Sua vida foi marcada por desafios e reviravoltas, incluindo outras separações e dificuldades financeiras, mas a música sempre foi sua companheira constante. Foi apenas aos 67 anos que Helena teve sua grande oportunidade, quando foi “descoberta” pela mídia após uma reportagem da revista norte-americana “Guitar Player”, que a incluiu entre as 100 melhores guitarristas do mundo, destacando seu talento singular nas violas de 6, 8, 10 e 12 cordas.
Programação em Campo Grande celebra o legado de Helena Meirelles
Em Campo Grande, as celebrações do centenário de Helena Meirelles começam no dia 13 de agosto, com uma sessão solene na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul (Alems), onde serão entregues comendas de honra em homenagem à sua contribuição para a cultura do estado. Essa cerimônia marcará o início de uma série de atividades que buscam não apenas homenagear a artista, mas também educar o público sobre sua importância para a música brasileira.
No dia 14 de agosto, o Museu da Imagem e do Som (MIS) de Mato Grosso do Sul abrirá uma exposição historiográfica dedicada a Helena Meirelles. A exposição contará com uma rica coleção de fotografias, recortes de jornais e outros materiais que documentam a trajetória da violeira, oferecendo ao público uma oportunidade única de conhecer mais sobre sua vida e obra. Essa mostra será um espaço de reflexão sobre o impacto cultural de Helena Meirelles e sua influência duradoura na música regional.
As comemorações seguem no dia 15 de agosto na Concha Acústica Helena Meirelles, em Campo Grande, onde o Quarteto Instrumental Prelúdio, sob a batuta do maestro Eduardo Martinelli, fará uma apresentação especial, com a participação da violeira Elizabeth Gonçalves, de Corumbá. Esta noite também contará com o lançamento do projeto “Centenário Helena Meirelles – A Lenda da Viola”, do artista visual Kelton Medeiros, que foi contemplado pelo Fundo de Investimentos Culturais (FIC). O projeto promete transformar a Concha Acústica em um espaço ainda mais significativo para a música regional.
O encerramento das festividades acontecerá no dia 16 de agosto, com o III Festival da Canção das Escolas Estaduais – Prêmio Helena Meirelles 100 anos. Este evento reunirá jovens talentos das escolas públicas do estado, incentivando a continuidade da tradição musical sul-mato-grossense. O festival é uma forma de manter viva a chama da viola caipira, um instrumento que, nas mãos de Helena, transcendeu fronteiras e conquistou o mundo.
Wanda Britto, coordenadora da Concha Acústica Helena Meirelles, enfatiza a importância de trazer à tona a história de Helena para as novas gerações. “As pessoas precisam conhecer mais sobre Helena Meirelles, especialmente os jovens. Muitos não sabem quem ela foi, descobrindo apenas após seu prêmio na revista ‘Guitar Player’. Queremos mostrar um pouco dessa história e valorizar seu legado”, destaca Wanda.
Marcelo Miranda, secretário de Estado de Turismo, Esporte e Cultura, também reflete sobre o impacto da celebração. “Comemorar o centenário de Helena Meirelles é uma maneira de honrar nossa cultura e história. A violeira é um símbolo da riqueza cultural de Mato Grosso do Sul e, ao celebrarmos sua vida e obra, reforçamos a identidade do nosso estado”, afirma o secretário.
Eduardo Mendes, diretor-presidente da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul, destaca que o centenário de Helena Meirelles é mais do que uma celebração; é uma oportunidade de inspirar as novas gerações. “Ao homenagearmos sua trajetória, inspiramos novos talentos e mantemos viva a tradição da viola caipira”, ressalta Mendes.
Agenda completa dos eventos:
Com essa rica programação, o centenário de Helena Meirelles não só celebra sua vida e obra, mas também reafirma a importância de sua contribuição para a cultura de Mato Grosso do Sul e para a música caipira brasileira. Helena Meirelles continua sendo uma inspiração para músicos e amantes da música em todo o Brasil, e sua história ressoa como um exemplo de perseverança e paixão pela arte.
10 outubro, 2024
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