Por Viviane Freitas | 13 junho, 2023 - 8:28
Para quem não é católico, quinta-feira, 13 de junho, é dia de “descanso” em Campo Grande, graças ao padroeiro da cidade, Santo Antônio, aquele que, no Brasil todo, aqui, inclusive, é conhecido por “arranjar” casamentos.
Contam os livros, os escritos, que o santo teria nascido em Lisboa. O nome de batismo era Fernando. O menino, único herdeiro de uma família de nobres, teve uma infância tranquila, até que resolveu seguir a vocação religiosa. Em Portugal, devido aos milagres que começou a realizar, passou a ser chamado de Santo Antônio de Paduá. Tornou-se conhecido em todo mundo. Mas qual a relação dele com a Capital do Mato Grosso do Sul?
De acordo com o histórico da igreja que leva nome dele, a devoção ao santo em Campo Grande está ligada ao fundador da cidade, o mineiro José Antônio Pereira. Há 141 anos, em 1872, à procura de campos para criar e matas para lavouras, ele e uma pequena caravana deixaram Montes Claros, cidade onde, até então, residia. Partiu para o sul de Mato Grosso.
No meio do caminho, passando por Santana de Paranaíba, a comitiva foi obrigada a interromper a mudança por três meses, por conta de uma “febre maligna” que atingiu os moradores daquela região. Segundo os relatos, José Antônio, que era “prático” de farmácia e homeopata – naquela época tipo como bom médico – permaneceu no local tempo suficiente para acabar com a epidemia. Salvou muitas vidas.
“Foi ali que José Antônio, devoto de Santo Antônio de Pádua, fizera um voto: se não perdesse um só dos seus, quando aqui chegasse, faria uma igreja para o seu santo amigo, cuja imagem já trazia em sua companhia. Esta foi a origem do abençoado nome da nossa querida cidade”, diz parte do texto que integra os registros de fundação da matriz em Campo Grande.
Tendo extirpado a doença, a comitiva de José Antônio chega, enfim, à nova terra e se estabelece na confluência de dois córregos, mais tarde denominados de Prosa e Segredo. Nos anos seguintes, em 1876 e 1877, o fundador da cidade dá cumprimento à promessa e constrói uma capela de pau-a-pique, que foi inaugurada no dia 4 (ou 14) de março de 1978 pelo padre de Nioaque, Julião Urquia.
A história, que ficou marcada no tempo, também foi registrada: “O mesmo padre abençoou, pela primeira vez, a capela e o povoado, celebrou três casamento e inúmeros batizados. Esta pequena capela situava-se numa ruela perpendicular a rua 26 de agosto, mas que, por atravancar passagem, foi necessário mudá-la, sendo construída em lugar próximo”.
Trinta e quatro anos depois, em 2 de abril de 1912, foi erguida a primeira paróquia de Campo Grande. Dez anos mais tarde, com a cidade já em crescimento, ela foi, novamente, demolida. Deu lugar a um templo novo, que passou a ser a Matriz de Santo Antônio.
Com o passar dos anos, a igreja ganhou novos contornos. Em 1930 foram acrescentadas duas torres. No local chegou a funcionar uma Escola Paroquial. Na década de 70, mais precisamente em 1977, a igreja foi demolida outra vez porque não oferecia condições seguras de uso.
De acordo com o histórico, o templo atual, que fica na Travessa Lydia Baís, na região central da cidade, foi constituído como catedral metropolitana em 1991, por ocasião da visita do Papa João Paulo II à Capital.
Há 19 anos, em 1994, a igreja foi consagrada pelo arcebispo Dom Vitório Pavanello. Ainda segundo os registros, desde 1912 a imagem de Santo Antônio divide espaço com a de Nossa Senhora da Abadia (devoção mineira trazida por Elizeu Ramos). Depois de 1991, como Catedral, o templo passou a dividir a titularidade. “A Matriz de Santo Antônio tornou-se Paróquia Santo Antônio – Catedral Metropolitana Nossa Senhora da Abadia”.
23 novembro, 2024
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