Banca de gibis resiste à chegada da internet e realiza “super-feira” de quadrinhos

Localizada na rua Antônio Maria Coelho, 2577, a Banca Modular  já é conhecida antiga de moradores e frequentadores do bairro.  Com um vasto acervo que se divide entre gibis, figurinhas, jornais, mangás, revistas e livros para todas as idades. Ela é uma das únicas bancas de magazines ainda ativa na capital e se destaca pelo fomento à cultura dos quadrinhos, troca de figurinhas e incentivo à leitura.

Para aqueles que pensam que essa é a única forma de consumir as narrativas ilustradas, se engana. A intitulada “Super-Feira de Quadrinhos” foi uma iniciativa de sucesso da Banca Modular e atrai desde leitores tradicionais, até colecionadores de álbum de figurinhas.

Com uma proposta mais ampla, a super-feira é realizada no segundo sábado de cada mês e é uma forma de reunir os clientes para conferir os descontos exclusivos, as edições novas de materiais e também a venda ou troca de quadrinhos e figurinhas.

“Na Super-Feira o comércio é liberado. Então o pessoal vem e pode vender se tiver alguma coisa, pode trocar. A gente não tem nenhum tipo de cobrança com relação a isso”.

A super-feira também é uma forma de incentivar a clientela a adquirir novas unidades com desconto e também movimentar as coleções particulares, que em alguns casos já não estão mais em circulação. Por trazer as produções de editoras e autores independentes, o evento reúne consumidores de todos os tipos e surpreende por apresentar materiais que não são encontrados em nenhum outro local do estado.

“Quando a gente faz o evento, colocamos algumas coisas com descontos diferentes, um tipo de promoção e aí muitas pessoas deixam pra passar aqui só no dia da feira para aproveitar e pegar coisas diferentes também”, conta.

A próxima Super-Feira da Banca Modular acontece no dia 12/2, a partir de 12h. A Banca fica localizada na rua Antônio Maria Coelho, 2577 e abre todos os dias da semana.

20 anos de história

Através da popularização da internet e a possibilidade de leitura virtual com celulares, kindles e computadores, muitas bancas de revistas foram perdendo seu espaço no mercado lucrativo. O que antes era muito comum pelas ruas da cidade, hoje se tornou uma espécie de local histórico e alternativo para a população. No entanto, o investimento no universo das narrativas em quadrinhos, inclusive de artistas e editoras independentes do estado, manteve aceso o amor da clientela da Banca Modular pelos materiais impressos.

Possuindo clientes variados, desde crianças à idosos, o público que frequenta a tradicional Modular, localizada na Rua Antônio Maria Coelho, se une por um gosto em comum: paixão por gibis e quadrinhos em geral. Em mais de 20 anos de história, o período mais difícil enfrentado pelo local foi a pandemia, pois assim como outros comerciantes, precisaram se reinventar para manter a banca.

“Nesse período a gente ficou praticamente sem venda, porém nós continuamos recebendo material, então nós tínhamos reservas e entregas. Essas coisas continuaram, mas o problema é que a gente perdia o público de passada, que são as pessoas que passam aqui na frente e entram”, explica Daniel Magalhães, 34, atual proprietário da Banca.

Amante dos quadrinhos desde a infância, o comerciante toca o estabelecimento há cerca de três anos, mas antes foi um assíduo frequentador do local por 15 anos. Formado em artes visuais pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) e apaixonado por ilustração, Daniel conta que os quadrinhos sempre fizeram parte da sua rotina.

“Eu consumo quadrinhos desde sempre. Meus pais me davam gibis de todos os tipos. Então desde criança eu já lia Turma da Mônica, gibis de super-herói, de tudo”, conta.

Além do amor pelos gibis, Daniel está sempre trabalhando de alguma forma com arte e design gráfico. A paixão pelos desenhos levou o comerciante a já ter produzido ilustração para um cartaz de filme e a dar aulas de design gráfico esporadicamente.

Apesar da venda de materiais mais clássicos, como os famosos gibis de Maurício de Sousa ou os quadrinhos da Marvel e da DC, a Banca Modular também possui seu diferencial com um acervo de editoras independentes, como a Lote 42 e a Pé de Cabra, sendo o único ponto de venda no estado de MS a fazer vendas de materiais dessas editoras.

“No Estado só a gente vende essas editoras. Eu acho ótimo, porque às vezes as pessoas mandam mensagens ou vem aqui e falam que não sabiam que tinha aqui em Campo Grande e que só consomem fora daqui. Aí a pessoa passa aqui na banca e pega uma edição”, explica o proprietário.