Por Redação | 5 abril, 2021 - 10:01
Raíssa Piccoli Fontoura, de 20 anos, obteve uma das 28 redações com nota máxima no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2020. A jovem, que, atualmente pode estampar o “mil”, não acreditava que seria capaz do feito. “Eu abri o sistema sem esperança, não esperava receber mil”, relembrou Raíssa.
De acordo com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), 2,7 milhões de pessoas compareceram para realizar a prova que aconteceu no início de 2021, e a proficiência média das redações entre os candidatos foi de 588,74.
Em média 10 horas por dia e três redações por semana, esta é uma parcela da rotina que Raíssa tinha quando estudava para o Enem. A jovem que mora em Dourados (MS), a 214 km de Campo Grande, e é filha de professores, não obteve o êxito desejado logo na primeira vez que realizou o Exame. A estudante conta que o apoio de familiares, amigos e professores foram fundamentais na persistência do sonho da graduação.
“Quero ressaltar que além da minha família e dos meus amigos, os meus professores também foram fundamentais pro alcance dessa nota. Eles sempre se esforçaram muito para passar os conteúdos da melhor forma possível e não hesitavam em auxiliar os alunos!”, destacou a jovem.
Na conversa com o site G1, Raíssa tem clareza ao falar sobre a trajetória que a levou até a nota máxima na redação do Enem. “Sempre estudei em escola privada, fiz cursinhos com bolsa. Eu entendo bastante dos meus privilégios, existem pessoas que não tiveram o mesmo acesso que tive”.
Antes mesmo de se matricular em uma instituição por meio do Sistema de Seleção Unificada (Sisu), que seleciona estudantes com a nota do Enem, Raíssa foi aprovada no curso de Medicina na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), no câmpus de Três Lagoas (MS). A estudante entrou no ensino superior por meio do vestibular próprio da universidade sul-mato-grossense.
Raíssa explicou que ainda não sabe como irá utilizar o resultado do Enem, “isso vai depender do Sisu. Dependendo da nota de corte e das possibilidades, posso ter novas opções”.
Raíssa terminou o ensino médio em 2018, aos 17 anos. A jovem conta que tinha uma “cobrança própria muito grande” para que entrasse em uma universidade logo após a finalização do ensino regular. “Eu terminei o ensino médio e não passei na faculdade, não tive notas suficientes. Fiquei extremamente frustrada, eu me cobrava muito”.
Depois que terminou o ensino médio, Raíssa optou por um curso preparatório para ajudá-la a realizar o sonho de ingressar no curso superior de Medicina. Em 2019, Raíssa participou de um “cursinho” em Mato Grosso do Sul, e em 2020, conseguiu uma bolsa de estudos parcial para estudar em um curso preparatório em vestibulares em São Paulo.
“Meu primeiro ano de cursinho foi bem complicado. Eu não aceitava. Eu me senti muito derrotada, só sabia chorar. Essa pressão sempre veio de mim, minha família nunca me pressionou, agradeço muito por eles não terem feito isso”, resgatou à memória.
Longe de casa e dos amigos mais próximos, Raíssa começou o ano de 2020 estudando em São Paulo. O objetivo da jovem não era apenas o Enem, mas também um dos vestibulares mais concorridos do Brasil, a Fuvest.
“Ano passado foi um ano muito complicado para mim, e com certeza foi muito mais complicado para outros estudantes que não tiverem as condições que tive como uma internet boa e um ensino de qualidade”, disse Raíssa.
Após várias tentativas, Raíssa não esperava com otimismo as notas que obteve em 2020, o Ensino a Distância (EAD), adotado por conta da pandemia do novo coronavírus, foi um dos motivos que deixaram a jovem assustada. Depois das frustrações, ver a nota máxima na redação do Enem “foi maravilhoso”, como Raíssa lembra.
Como muitos, o EAD e as atividades on-line se transformaram em rotina durante a pandemia da Covid-19. Mudar todo o cronograma de ensinos presenciais e práticas pedagógicas voltadas para sala de aula, foi um dos desafios de Raíssa para continuar estudando durante 2020.
“Ano passado foi muito complicado por conta do EAD. Eu tenho muita dificuldade de estudar online, perco a concentração muito fácil. É muito difícil manter a rotina em casa, eu tenho a minha cama do lado aonde eu estudo, então tinha dias que ia para aula de pijamas mesmo”, relembrou Raíssa.
Raíssa ao lembrar do início de 2020, explica que achava que a “pandemia ia durar pouco tempo, não vou precisar me acostumar com isso”. De forma repentina, aquilo que parecia opção, se transformou em realidade. Aulas on-line, mentorias por vídeo-chamada e troca de mensagens com amigos adentraram ao dia-a-dia da estudante.
“Quando eu percebi que a situação não estava melhorando, foi um baque. Tinha dias que não tinha força para tirar o pijama e estudar, o EAD é bem cansativo. Teve momentos que não conseguia manter o foco, foi realmente complicado”.
Atualmente como estudante de Medicina, a jovem está encarando o ensino a distância novamente. “No ensino a distância no cursinho eram assuntos que já tinha visto, agora estou fazendo Medicina em EAD, são conteúdos mais aprofundados, tem um grau de complexidade elevado, não está sendo nada fácil”.
Para o futuro a jovem segue com pretensões otimistas. “Eu sempre pensei em entrar na faculdade de cabeça aberta, quero conhecer áreas diferentes e entender quais são os meus gostos em relação a medicina. Não tenho nenhuma especialização em vista”, finalizou a estudante de Medicina.
9 novembro, 2024
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