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Pescadoras dão show em rios do Mato Grosso do Sul e mostram do que são capazes

Mulheres superam o preconceito e desbravam rios e pesqueiros do MS para a prática da pesca esportiva

Por João Paulo Ferreira | 9 outubro, 2019 - 14:57

As pescadoras dão show nos rios (Foto: G1.com)

Ainda é madrugada quando elas começam a arrumar as malas. Lá dentro tem protetor, repelente, boné e luvas para se proteger do sol, além de roupas personalizadas. Rumo aos rios e pesqueiros de Mato Grosso do Sul, é assim que muitas mulheres superam o preconceito e “dão aula” de pesca esportiva. E, com o tempo, a experiência mostra que não só elas aprendem a reconhecer os peixes, como também preparam as iscas e até recolhem a poita (objeto semelhante a âncora em pequenas embarcações), se necessário.

“Eu fui pescar com a minha amiga por curiosidade, mas, depois me apaixonei. Ela sempre estava me convidando e primeiro fomos no Rio Miranda, com a família dela também. No início, achei que não ia me adaptar, principalmente porque é um dia inteiro de sol e precisa de muita paciência. Além disso, percebi que existe preconceito com a mulher, achando que ela esta ali por inúmeros motivos, menos para pesca. Só que ao longo destes 6 meses fui pegando o jeito e agora sei como funciona e também reconheço alguns peixes”, afirmou a estudante Bárbara Rezende, de 28 anos.

Na rotina de pesca esportiva, Babi, como Bárbara é conhecida conta que já aprendeu a lidar com o piloteiro e também comprar as iscas para colocar na varinha. Ela ainda fala da sequência, onde os animais são colocados na rede e, em seguida, nas caixas. “Depois, quando levo pra casa, é só festa. A minha mãe pede e fala que vai fazer ensopado ou frito. A minha madrinha também quer porque faz assado no forno e recheado. É muito legal, ninguém acreditava que eu ia trazer agora é uma briga pelo domingo de almoço com o peixe”, brincou.

Tem até uniforme personalizado (Foto: Reprodução/Redes Sociais)

A empresária Danyelle Braga, também de 28 anos, conta que começou a pescar por influência dos pais. No início, elas conta que não os acompanhava com frequência, porém, desde o ano passado intensificou as viagens para pesqueiros na região sudoeste do estado. Agora, como ela diz “praticamente todo final de semana é dia de pesca”.

“A gente fica em uma fazenda de amigos nossos e a mulher do dono do local também pesca. No início, eu usava o molinete e agora tenho a minha vara e outros petrechos. Acordo sempre de madrugada e já vou arrumando as coisas com a minha mãe. Nós temos um balde onde colocamos protetor, repelente e também boné e luvas para não pegar sol nas mãos. Acho inclusive que esse é um diferencial da mulher, sempre estar se cuidando. O meu pai, por exemplo, não gosta e fala que o repelente vai espantar os peixes”, contou.

Conforme Dany, como é chamada pelas amigas, o importante também é não esquecer o isopor com uma bebida gelada e um aparelho eletrônico com músicas. “Os meus pais tem o barco deles, então chegando lá eu já alugo outro e pego no pesado se preciso, já faço a minha academia. No caso dos peixes, reconheço vários, como piraputanga, jiripoca, piau, pacu, só os diferentão que não”, comentou.

Aquela cervejinha gelada pra rebater o calor! (Foto: Reprodução/Redes Sociais)

A assistente de recursos humanos Renata Gavilon, de 28 anos, diz que o namorado é quem a atraiu para pesca, há dois anos. “Ele sempre gostou muito e eu achava péssimo, porque tinha muitos mosquitos e ainda tinha que ficar em silêncio. Só que os pais dele sempre foram apaixonados e me fizeram o convite também. Depois, gostei e me identifiquei muito. O barco deles já fica em um pesqueiro e a gente só leva o motor. Meu namorado também comprou uma vara rosa, toda personalizada, estou adorando”, comentou.

Com o tempo, a jovem conta que passou a viajar somente com o namorado. “Nós acompanhamos os períodos de reprodução dos peixes e tem dias que a gente sai do trabalho e já vai direto. A gente descansa e no outro dia começa cedo. Nós ainda vamos para a balada, mas, trocamos muitas vezes pela pescaria. Acho legal também que a mulher vai e não deixa a feminilidade de lado, é sempre cuidadosa. É raro encontrar mulher que goste, mas, quem gosta gosta mesmo”, falou.

A emoção de tirar um peixe do rio é indescritível (Foto: Reprodução/Redes Sociais)

A pescadora profissional Fabiana da Silva Cardoso Ledesma fala de duas décadas de experiência no Distrito Águas de Miranda. Desde que se casou, aos 15 anos, ela conta que aprendeu a pescar com o marido. “Eu me casei e já mudei para esse distrito. Lá se vão 23 anos de pesca e de casamento. Quando nós começamos, tínhamos uma cama para dormir, além de duas panelas e um fogão. A casa tinha paredes de bambu e fomos crescendo aos poucos. Hoje tenho uma casa maravilhosa, onde moro com meu marido e nossos três filhos, além de barcos e uma caminhonete”, relembrou.

De acordo com Ledesma, a atividade foi mudando ao longo dos anos. “A gente sempre pescava durante a noite. Na época era assim, funcionava desta maneira e eu cansei de dormir dentro do barco ou em cima de uma pedra no barranco. Eu encostava e já dormia. Na época de frio, eu vestia três calças, três blusas, luvas, meia e fazíamos uma fogueira no barranco para descansar um pouco”, explicou.

Após muito esforço, a pescadora conta que o casal comprou dois barcos e motores. “A partir daí nós fomos mudando a forma de pescar, pois, passou a ser durante o dia. Nós fomos cansando e mudando a nossa estratégia. Ele ia na frente em uma barco e eu atrás. Nós também adaptamos um fogão de duas bocas na borda do barco e ali eu fazia meu arroz carreteiro, feijão e peixe frito. Quando dava, a gente também ia armando o anzol no período noturno e saía com bastante pacu e pintado”, afirmou.

Diante a tantas lembranças, Fabiana ainda fala de um episódio assustador. “Nós levamos uma barraca para o meio do mato e eu escolhi um lugar mais limpo. Foi cinco minutos que a gente parou para descansar lá que eu vi a pisada da onça por fora da barraca. Eu estava morrendo de medo, já ia gritar quando meu marido mandou até trancar a respiração. Ela estava passando ao nosso lado e eu não podia fazer nada. Eu também já fui sozinha, quando meu marido pegou uma gripe forte e fiquei muito preocupada quando saiu um pintado de 15 kg. Mas, eu consegui pegá-lo. Tenho orgulho dessa profissão, foi com ela que criei e estou criando meus filhos”, finalizou.

A pescadora profissional Fabiana Ledesma: 23 anos de profissão. (Foto: Arquivo pessoal)

Com informações do site G1 MS

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