Por João Paulo Ferreira | 6 novembro, 2024 - 11:49
Campo Grande, capital de Mato Grosso do Sul, registrou em outubro de 2024 o maior aumento no custo da cesta básica entre as 17 capitais brasileiras, com uma variação de 5,10%. Esse aumento foi o único superior a 5% em todo o país e traz reflexos diretos no orçamento das famílias, que enfrentam uma pressão crescente para garantir os alimentos essenciais.
Em outubro, o custo da cesta básica em Campo Grande subiu para R$ 751,06, um aumento de R$ 36,31 em relação ao mês anterior, quando o valor era de R$ 714,75. Para uma família de quatro pessoas, esse montante corresponde a R$ 2.253,18, uma quantia que representa um grande peso no orçamento familiar.
Esse aumento de 5,10% se destaca entre as demais capitais, que também apresentaram variações, mas com aumentos abaixo desse percentual. Produtos essenciais como tomate (17,21%), carne bovina (8,62%), café em pó (4,65%) e óleo de soja (4,20%) foram os responsáveis por esse acréscimo expressivo, refletindo a alta nos preços de alimentos que impactam diretamente a mesa dos consumidores.
Além disso, a banana registrou um aumento de 5,53%, o que também contribuiu para o peso maior no custo da cesta básica. O aumento da temperatura nos últimos meses tem sido apontado como um dos fatores para a elevação no preço da fruta. Por outro lado, o arroz agulhinha teve uma leve queda de -0,48%, interrompendo um período de altas consecutivas.
O leite de caixinha, que teve uma discreta queda de -0,32% no mês de outubro, ainda apresenta uma variação acumulada de 15,16% nos últimos 12 meses, indicando uma pressão constante sobre o bolso do consumidor. Já a manteiga, com aumento de 1,88%, manteve a trajetória de alta, um reflexo das mudanças nos custos de produção.
A farinha de trigo também teve aumento no mês (3,25%), mas em 12 meses, o preço acumula uma queda de -4,65%. O pão francês, derivado da farinha, registrou alta de 2,69%, enquanto o feijão carioquinha subiu 3,35%, interrompendo a tendência de queda nos preços.
Com o aumento do custo da cesta básica, o trabalhador de Campo Grande teve que aumentar o tempo dedicado ao trabalho para garantir a compra dos itens essenciais. A jornada de trabalho necessária para adquirir a cesta em outubro foi de 117 horas e 1 minuto, o que representa um acréscimo de 5 horas e 41 minutos em comparação a setembro. No ano passado, a jornada era de 113 horas e 50 minutos, mostrando uma elevação constante nos custos ao longo de 2024.
Em termos percentuais, o trabalhador com salário mínimo comprometia 57,50% do seu rendimento líquido para comprar a cesta básica em outubro, um aumento significativo em relação aos 54,71% registrados em setembro. Em outubro de 2023, esse percentual era de 55,94%, o que demonstra que a pressão sobre o salário mínimo tem se intensificado ao longo do último ano.
No cenário nacional, os aumentos no custo da cesta básica não se limitaram a Campo Grande. Embora a capital sul-mato-grossense tenha se destacado com o maior aumento, outras capitais também enfrentaram variações significativas. Brasília (4,18%), Fortaleza (4,13%) e Belo Horizonte (4,09%) estão entre as cidades que apresentaram altas expressivas, refletindo uma tendência de elevação nos preços dos alimentos essenciais em várias regiões do país.
Entretanto, as maiores cidades brasileiras, como São Paulo, Florianópolis e Porto Alegre, continuam com os preços mais elevados, com São Paulo liderando o ranking com um custo médio de R$ 805,84 para a cesta básica. Enquanto isso, algumas capitais do Norte e Nordeste, como Aracaju e Recife, continuam com os valores mais baixos, mas ainda assim enfrentam variações nos preços dos produtos essenciais.
O aumento no custo da cesta básica reflete uma combinação de fatores como o aumento nos preços de produtos alimentícios devido a questões climáticas, oferta e demanda, e também o impacto das exportações sobre a disponibilidade e o preço de certos itens, como o óleo de soja.
16 novembro, 2024
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