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Dólar atinge R$ 6 e quebra recorde pelo terceiro dia seguido enquanto Ibovespa avança

Cenário econômico reflete preocupações fiscais e reações do mercado aos anúncios do governo

Por João Paulo Ferreira | 29 novembro, 2024 - 17:35

O dólar alcançou o valor histórico de R$ 6 nesta sexta-feira (29), encerrando o dia com uma alta de 0,19%. Essa foi a terceira sessão consecutiva em que a moeda americana atingiu um novo recorde nominal. Na semana, o dólar acumulou alta de 3,21%, enquanto no mês o avanço foi de 3,79%. No ano, a valorização já chega a 23,66%.

A escalada da moeda foi impulsionada pelas discussões em torno do pacote de cortes de gastos apresentado pelo governo federal. O mercado demonstrou apreensão diante da proposta de isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil, anunciada em paralelo às medidas de contenção fiscal. Esse anúncio gerou incertezas e levou a cotação do dólar a atingir R$ 6,1156 na máxima do dia.

Declarações dos presidentes da Câmara e do Senado contribuíram para aliviar parte da tensão entre os investidores. Ambos reafirmaram o compromisso do Congresso em priorizar as propostas de cortes de gastos, adiando a análise da revisão do Imposto de Renda para um momento posterior.

Ibovespa encerra em alta com reações mistas do mercado

Apesar do cenário desafiador, o Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, registrou alta de 0,85%, encerrando o dia aos 125.668 pontos. A movimentação marcou uma recuperação parcial após a queda de 2,40% registrada na véspera.

Ainda assim, o índice acumulou perdas de 3,50% na semana e de 3,93% no mês, além de um recuo de 7,14% no acumulado do ano. O desempenho reflete a instabilidade gerada pelas incertezas fiscais e pela reação do mercado aos anúncios governamentais.

Dados de emprego e o impacto nas negociações

Os dados divulgados pelo IBGE sobre o desemprego também influenciaram o mercado nesta sexta-feira. A taxa de desocupação caiu para 6,2% no trimestre encerrado em outubro, o menor índice da série histórica. O resultado foi bem recebido, mas insuficiente para dissipar as preocupações com o cenário fiscal.

Pacote de cortes de gastos e suas implicações

O pacote fiscal apresentado pelo governo prevê uma redução de R$ 70 bilhões em despesas públicas nos próximos dois anos, totalizando uma contenção de R$ 327 bilhões até 2030. Entre as medidas propostas estão mudanças em programas sociais, no salário mínimo, na aposentadoria de militares e nas emendas parlamentares.

Apesar de ser considerado um passo na direção correta, o anúncio simultâneo da isenção de IR para rendas de até R$ 5 mil gerou críticas e dúvidas sobre a eficácia das medidas. A proposta inclui a compensação desse custo, estimado em R$ 35 bilhões, por meio da taxação de pessoas com rendimentos acima de R$ 50 mil.

Especialistas apontam riscos na tramitação das medidas no Congresso, destacando que alterações podem comprometer a compensação fiscal proposta, o que aumentaria a percepção de risco entre os investidores.

Conclusão

A conjuntura econômica continua desafiadora, com o dólar em alta e a bolsa reagindo aos sinais do mercado. Enquanto o governo busca equilibrar as contas públicas, a aceitação e implementação das medidas no Congresso serão determinantes para a estabilidade econômica nos próximos meses.

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