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Dólar fecha em R$ 5,99 e reflete desconfiança do mercado

Alta da moeda americana reforça dúvidas sobre o pacote fiscal e política econômica do governo

Por João Paulo Ferreira | 28 novembro, 2024 - 17:05

Após atingir R$ 6 pela manhã, o dólar encerrou esta quinta-feira (28) cotado a R$ 5,99, o maior valor desde 1994. A alta reflete a reação negativa do mercado ao pacote fiscal e à reforma do Imposto de Renda anunciados pelo governo, considerados insuficientes para equilibrar as contas públicas e estabilizar a economia, gerando incerteza econômica.

A expectativa em torno do pacote já pressionava os mercados, após sucessivos adiamentos no anúncio. Antes de atingir o valor histórico desta quinta-feira, a moeda já havia alcançado R$ 5,86, o maior patamar até então. Além de fatores internos, o câmbio também sofre impactos das tensões geopolíticas e políticas protecionistas no cenário internacional.

O pacote fiscal, que prometia equilibrar as contas públicas, foi recebido com descrença. Economistas classificaram as propostas como paliativas e insuficientes para resolver os problemas estruturais do país. A inclusão de isenções no Imposto de Renda, previstas para 2026, gerou críticas, com analistas apontando que essas medidas podem ter motivações eleitorais.

O analista de investimentos Fernando Bresciani, do Andbank, apontou que o pacote falha ao priorizar a popularidade em detrimento da eficiência fiscal. Ele destacou que a alta do dólar também é acompanhada pelo aumento nos juros futuros e pela pressão sobre a bolsa de valores. No entanto, as empresas exportadoras se beneficiam com a valorização da moeda norte-americana, o que alivia parte da pressão.

Com a disparada do dólar, a curva de juros futuros também avançou. O mercado já precifica a possibilidade de elevações mais agressivas na Selic, que pode chegar a 14,25% nos próximos meses. Essa medida seria necessária para controlar a inflação, que pode ser impulsionada pela alta da moeda.

O impacto negativo do pacote fiscal reflete os desafios enfrentados pelo governo em manter o equilíbrio fiscal. Segundo o economista Beto Saadia, da Nomos, as medidas não atacam as questões estruturais do desequilíbrio fiscal e, por isso, geram incerteza para o futuro. Ele avalia que o cenário de 2025 deve ser marcado por ruídos políticos e dúvidas sobre a condução econômica.

Sem ações mais consistentes e que inspirem confiança, o governo corre o risco de prolongar o clima de instabilidade. A trajetória do dólar segue como um reflexo das incertezas que ainda pairam sobre a economia e a política fiscal do Brasil.

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