Por João Paulo Ferreira | 9 abril, 2020 - 13:38
A crise econômica causada devido à pandemia do novo coronavírus já é uma realidade. Recessão e desemprego já começam a assustar a população. E qual seria a saída mais viável para isso? Para muitos economistas, a fórmula é imprimir mais dinheiro.
O ex-presidente do Banco Central, ex-ministro da Fazenda e atual secretário de Fazenda do Estado de São Paulo, Henrique Meirelles, defendeu nesta quarta-feira, 8, em entrevista à BBC, que o governo imprima dinheiro para financiar gastos públicos. Em uma situação de normalidade, a ideia soaria irresponsável; na crise que o país enfrenta por causa da pandemia da Covid-19, é uma proposta que faz sentido.
Proposta semelhante foi feita por Milton Friedman, um dos expoentes da Escola de Chicago, ferrenho opositor da intervenção do Estado na economia. Ele propôs que, em certos momentos, seria mais eficaz distribuir dinheiro de helicóptero do que confiar na ação do governo para estimular a demanda. As pessoas que apanhassem as notas as utilizariam para consumir.
Coisa parecida foi feita pelos bancos centrais de países desenvolvidos durante a crise financeira de 2008. Era o chamado “quantitative easing”, programa pelo qual eles compravam títulos públicos e privados, incluindo os decorrentes de financiamento da casa própria. Ao agir assim, os bancos centrais injetavam liquidez na economia, isto é, ampliavam a quantidade de moeda, ou seja, dinheiro, em poder do público.
O próprio Banco Central da Inglaterra anunciou oficialmente que vai ligar a máquina de imprimir dinheiro para emprestar ao governo britânico e ajudar a superar os problemas gerados pela pandemia. É o primeiro país a anunciar essa medida drástica, já que, em tempos normais, países emitem dívida no mercado financeiro para captar dinheiro e o BC é impedido de fazer essa operação para evitar o descontrole das contas públicas.
Em um comunicado, o Banco da Inglaterra informou que, com a decisão, poderá aumentar o saldo da conta que o governo britânico tem na instituição. Não há limite para esse reforço de saldo que, efetivamente, só necessita da decisão do BC para alterar os valores da conta. Com o dinheiro extra, o governo pode “sacar” o dinheiro e gastar.
Até mesmo o presidente dos EUA, Donald Trump, disse em uma reunião do conselho econômico dos EUA que a solução para o déficit fiscal americano seria imprimir mais dinheiro. A afirmação está no livro do jornalista político americano Bob Woodward, Fear (Medo, em tradução livre), que relata os bastidores da Casa Branca, que chegou às livrarias nesta terça-feira, 11, depois de quase duas semanas de polêmicas.
Feito com amor ♥ no glorioso Estado de Mato Grosso do Sul - Design por Argo Soluções