Por João Paulo Ferreira | 11 maio, 2023 - 14:40
O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou nesta quinta-feira (11) a PNAD Continua – Rendimento de todas as fontes 2022. A pesquisa investiga, regularmente, informações sobre os rendimentos provenientes de todos os trabalhos e de outras fontes não oriundas do trabalho das pessoas residentes no Brasil.
Em 2022, foram estimadas 2,79 milhões de pessoas residentes em Mato Grosso do Sul, ante 2,49 milhões em 2012. Do total de pessoas residentes em MS em 2022, 1,76 milhão (62,9%) possuíam algum tipo de rendimento. O estado apresentou o 9ª maior percentual entre as Unidades da Federação, sendo o maior percentual no RS (69%) e o menor no AM (50,9%).
Se consideradas todas as fontes de rendimento, os números são:
No estado, a massa do rendimento mensal real domiciliar per capita subiu 15% ante 2021, chegando a R$ 5,02 bilhões em 2022. De 2020 para 2022, a massa do rendimento mensal real de todos os trabalhos subiu 33,7%, indo para R$ 3,9 bilhões. Esses valores apontam para uma recuperação após as perdas durante a pandemia.
MS tem o 6º maior rendimento médio real de todas as fontes
Observando–se a série histórica, de 2012 a 2019, o rendimento médio real de todas as fontes teve crescimento de 13,1% (de R$ 2.589 para R$ 2.928). Com a pandemia, o rendimento de todas as fontes teve redução de 5,4% em 2020 e 4,8% em 2021. No entanto, em 2022, este apresentou aumento de 8,3%, fechando a série em R$ 2.854, valor 10,2% maior que o do início da série em 2012.
Com este valor do rendimento médio mensal real de todas as fontes (R$ 2.854), MS teve o 6º maior valor entre as
Unidades da Federação, sendo o maior rendimento registrado no Distrito Federal (R$ 4.474) e o menor (R$ 1.529), no MA. O valor do rendimento médio nacional em 2022 foi de R$ 2.533.
Os números da tabela 2 detalham a renda de todas as fontes e sua progressão:
Rendimento de todos os trabalhos cresce 6,6% em relação a 2021
Em Mato Grosso do Sul, o rendimento médio mensal real habitualmente recebido de todos os trabalhos (calculado
para as pessoas de 14 anos ou mais de idade, ocupadas na semana de referência) foi estimado em R$ 2 982 em 2022,
recuperando–se em relação ao ano anterior.
Considerando a série histórica, o rendimento habitual de todos os trabalhos teve crescimento de 6,2% entre 2012 e 2019 (de R$ 2.726 para R$ 2.895), aumentando novamente no primeiro ano da pandemia (2020) quando atingiu o valor de R$ 2 951. No entanto, o rendimento do trabalho caiu 5,2% entre 2020 e 2021, mas obteve recuperação entre 2021 e 2022 crescendo 6,6%.
Assim, no ranking entre as UFs, MS ficou na quinta melhor posição, sendo superada somente pelo DF, com R$ 4.400, SP, com R$ 3.254, RJ, com R$ 3.207 e SC, com R$ 3.030.
Programas sociais do governo mudaram ao longo dos anos, refletindo nas estatísticas
No final de 2021, o pagamento do auxílio emergencial, criado em 2020 para fazer frente à pandemia da COVID–19, foi interrompido e o governo federal substituiu o Programa Bolsa Família pelo Programa Auxílio Brasil. Inicialmente no valor médio de R$ 400,00 por família em situação de pobreza, o novo programa de transferência do governo teve um acréscimo de R$ 200,00 no benefício durante o segundo semestre de 2022.
Na presente pesquisa, o auxílio emergencial entrava na rubrica de outros programas sociais, enquanto o Programa
Auxílio Brasil foi captado na pergunta que anteriormente mapeava o Programa Bolsa Família. Logo, entre 2021 e 2022, é possível observar uma redução brusca da proporção de domicílios com algum beneficiário de outros programas sociais, ao passo que aumentou a proporção de domicílios com algum beneficiário do Auxílio Brasil/Bolsa Família.
Bolsa família atende 108 mil domicílios de MS em 2022, atingindo o maior número da série histórica
Em MS, havia 982 mil domicílios segundo a PNADC. Em 108 mil destes, havia moradores que recebiam Bolsa Família, o que representa 11% do total. O número para 2022 é 134,8% maior que o registrado em 2021 (46 mil), 86,2% maior que o de 2020 (58 mil) e 36,7% que o de 2019 (79 mil). Em 2012, início dos registros em MS, o número era de 89 mil(10,9%).
O percentual de MS é o 6º menor do país. O maior valor foi registrado no MA, com 40,7%, seguido por PI (40,3%). Já o menor valor foi registrado em SC (3,7%).
O Benefício de prestação continuada (BPC–LOAS) era recebido em 58 mil domicílios de MS em 2022 (5,9% do total).
Se comparado aos anos anteriores, tem–se que o valor de 2022 é 38,1% maior que o de 2021 (42 mil), 9,4% maior que o de 2020 (53 mil), 38,1% maior que o de 2019 (42 mil) e 75,8% maior que o de 2012 (33 mil).
Em processo inverso ao do bolsa família, o percentual de domicílios que recebiam BPC–LOAS é 5º maior do país entre as UFs. O maior valor foi encontrado no AP (7,5%), seguido por CE (7,0%). Já o menor valor foi registrado em SC (1,5%).
Quanto a outros programas sociais, MS registrou os recebimentos destes em 18 mil (1,8%) domicílios em 2022. Comparado aos anos anteriores, o número é 84,6% menor que o registrado em 2021 (117 mil) , 90,9% menor que o
obtido em 2020 (198 mil), 25% menor que o obtido em 2019 (24 mil) e 53,8% menor que o obtido em 2012 (39 mil).
Em relação a outros programas sociais, MS apresenta o 10º maior valor percentual. AL tem o maior percentual (8,2%), AM (8,1%) o segundo e RO (0,6%) o último.
Índice de Gini do rendimento médio mensal do trabalho chega a 0,455 em 2022
O índice de Gini é um indicador que mede distribuição, concentração e desigualdade econômica e varia de 0 (perfeita
igualdade) até 1 (máxima concentração e desigualdade).
Em Mato Grosso do Sul, o Índice de Gini do rendimento médio mensal, habitualmente recebido em todos os trabalhos, foi de 0,455. Já o Índice de Gini do rendimento domiciliar per capita foi de 0,478, valor menor do que o encontrado em 2021 (0,496).
No Brasil, após crescer em 2021 (0,544), o índice de Gini do rendimento médio mensal domiciliar per capita caiu em
2022, atingindo a marca de 0,518. O Nordeste manteve o maior índice de Gini em 2022 (0,517) e a região Sul, o menor (0,458).
Avaliando o panorama nacional de 2021 para 2022, percebe–se que o Gini do rendimento médio mensal de todos os
trabalhos caiu de 0,499 para 0,486, atingindo seus menores valores, na média do país e em quase todas as regiões.
De acordo com a analista Alessandra Brito, “a entrada de quase 8 milhões de pessoas na população ocupada puxou a
média de rendimento para baixo, mas aparentemente essas pessoas ingressaram no mercado de trabalho recebendo vencimentos com valores similares, o que resultou numa distribuição menos desigual. Além disso, o rendimento médio dos trabalhadores sem carteira e por conta própria aumentou no período, também contribuindo para essa queda no índice de desigualdade”.
Na comparação por Unidades da Federação, os maiores índices de Gini do rendimento domiciliar per capita foram
encontrados na Paraíba (0,558), Roraima (0,547) e Rio de Janeiro (0,540). Enquanto os três menores foram
encontrados em Mato Grosso (0,450), Rondônia (0,447) e Santa Catarina (0,419). Mato Grosso do Sul ocupa o 20º
lugar no ranking.
Em MS, 1% com maiores rendimentos recebe 24,7 vezes o valor médio dos 50% com menores rendimentos
A análise da concentração de renda por meio da distribuição das pessoas por classes de rendimento domiciliar per
capita mostrou, em 2022, que as pessoas de MS que estavam no último percentil de rendimento, ou seja, aquelas que
faziam parte do 1% da população com rendimentos mais elevados recebia R$ 17.320. O número é 24,7 vezes o
rendimento da metade da população com os menores rendimentos (cujo rendimento médio mensal real era R$ 701).
Esta razão entre o rendimento médio do último percentil de pessoas com maiores rendimentos e o rendimento médio da metade da população com os menores rendimentos era de 28,7 vezes em 2012 e de 26,9 vezes em 2019. No início da pandemia do novo coronavírus, em 2020, a razão se reduziu para 22,6 vezes, devido a alterações ocorridas na composição do rendimento domiciliar com maior peso de outras fontes de renda, sobretudo outros rendimentos como o auxílio emergencial. Entretanto, em 2021, com a flexibilização das medidas sanitárias – que permitiu a retomada do mercado de trabalho – e os ajustes realizados no auxílio emergencial, essa razão voltou a aumentar (28,7 vezes). Com o aumento significativo da ocupação e o pagamento de valores mais altos aos beneficiários do Auxílio Brasil, em substituição ao Programa Bolsa Família, em 2022 esta razão caiu para os já citados 24,7 vezes.
31 outubro, 2024
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