Por João Paulo Ferreira | 10 dezembro, 2019 - 14:59
A associação que representa os frigoríficos exportadores de carne bovina (Abiec) disse nesta terça-feira (10) que os preços da proteína em 2020 devem diminuir em relação a outubro e novembro, mas seguirão mais caros em relação ao período de janeiro e setembro.
“Eu acho que (na média) nós não vamos retroagir nos preços da arroba e nem no preço de carne”, disse o presidente da Abiec, Antônio Camardelli. “Não vai ficar nos patamares do momento de oscilação maior (outubro e novembro), mas não vai voltar aos preços ortodoxos de antes. Vai encontrar um ponto de equilíbrio”, completou.
A associação afirma que 25% da produção brasileira de carne bovina deste ano será vendida ao exterior, uma situação inédita no setor. A média histórica está entre 20% e 22%. Com o resultado, 75% do que foi produzido ficou no mercado interno.
Com dados preliminares para dezembro, a venda de carne de boi para o exterior deve chegar a 1,82 milhão de toneladas, alta de 11,7% em relação a 2018. Em receita, o valor alcança US$ 7,45 bilhões (+13,3%).
Levando em conta apenas o mês de dezembro, a estimativa da associação é que o volume de exportação seja o segundo maior do ano, alcançando 185,3 mil toneladas, atrás apenas das 197,5 mil toneladas de outubro.
As exportações para China subiram 39,5% até novembro, chegando a 410,4 mil toneladas contra 294,2 de 2018. Em valores, ficou 59,75% maior, saltando para US$ 2,17 bilhões contra US$ 1,36 bilhão do ano passado.
Para Camardelli, a venda de carne bovina para os chineses já teria aumentado naturalmente este ano por conta do grande volume de frigoríficos autorizados este ano (22), mas que a crise de peste suína africana no país foi um “agravante” no processo.
O dirigente afirmou que, para 2020, as vendas para China devem ser de 600 mil toneladas, o que representaria um aumento em torno de 30% em relação a 2019.
Mesmo com o número maior, a previsão da Abiec é de que as exportações para o país asiático vão girar em torno de 50 a 60 mil toneladas por mês, sem picos de vendas como os que ocorreram neste fim de ano.
“Esse ‘soluço’ de outubro, novembro e dezembro proporcionou esse desajuste (de preços). A expectativa é que haja uma acomodação de demanda e volumes”, diz Camardelli.
“Os preços também já sinalizaram uma diminuição da China. A expectativa é que ainda haja uma ‘zona cinzenta’ até o ano novo chinês, depois se estabilize”, completa o presidente da Abiec.
Na próxima semana, uma comitiva do setor de inspeção sanitária da China (GACC, na sigla em inglês) virá ao Brasil para ajudar os frigoríficos a entenderem os questionários do país e facilitar a habilitação de novas plantas. A Abiec disse que não deverá haver a autorização de novos frigoríficos na visita.
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