Por João Paulo Ferreira | 14 março, 2023 - 10:36
O valor da cesta básica em Campo Grande caiu 3,12% e no mês de fevereiro e acumula queda de 3,26% em 2023. É o que aponta o estudo do DIEESE (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), que realiza mensalmente a Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos em 17 capitais do Brasil.
A Capital sul-mato-grossense tem a a terceira maior baixa entre as cidades pesquisadas, ficando atrás apenas de Belo Horizonte (–3,97%) e Rio de Janeiro (–3,15%).
Em Campo Grande, o valor total dos produtos da cesta fechou o segundo mês do ano em R$ 719,94, o que representa 59,78% do salário mínimo, e equivale a 121 horas e 39 minutos de trabalho. O valor da cesta básica para uma família, composta por quatro pessoas chegou a R$ 2.159,82 e a variação em 12 meses em 6,12%.
Apesar do quarto mês consecutivo de queda nos preços da banana (–0,58%), a batata (–21,24%) foi o alimento a apresentar a retração mais expressiva de preços na Cidade Morena, após a alta expressiva registrada no mês anterior. Ao preço médio de R$ 6,59 o quilo em janeiro, em fevereiro o preço chegou a R$ 5,19.
Mantiveram a queda de preços registrada anteriormente, o tomate (–18,63%), o óleo de soja (–4,63%), a carne bovina (–2,02%), o café em pó (–0,67%) e o açúcar cristal (–1,02%). Em 12 meses, açúcar teve queda de (–11,70%), café em pó de (–4,68%), carne bovina de (–4,27%) e óleo de soja de (–10,60%).
A farinha de trigo (–1,61%) reverteu a queda registrada em Janeiro, assim como o leite de caixinha (1,24%) voltou a registrar alta de preços.
Depois de quatro meses de queda, o feijão carioquinha (2,82%) voltou a notar alta expressiva, seguido por manteiga (2,03%), arroz agulhinha (1,98%) e pão francês (0,88%). O preço médio do feijão carioquinha passou de R$ 7,38 em fevereiro de 2022 para R$ 9,17 no mesmo mês de 2023.
A jornada de trabalho necessária para comprar uma cesta básica na Capital em fevereiro foi de 121 horas e 39 minutos. O comprometimento do salário mínimo líquido na aquisição de uma cesta básica no segundo mês de 2023 chegou a 59,78%.
BRASIL
O valor do conjunto dos alimentos básicos diminuiu em 13 das 17 capitais onde o DIEESE realiza mensalmente a Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos. Entre janeiro e fevereiro de 2023, as reduções mais importantes ocorreram em Belo Horizonte (–3,97%), Rio de Janeiro (–3,15%), Campo Grande (–3,12%), Curitiba (–2,34%) e Vitória
(–2,34%). Já as elevações foram observadas em quatro capitais do Norte e Nordeste: Belém (1,25%), Natal (0,64%), Salvador (0,34%) e João Pessoa (0,01%).
As capitais com a cesta mais cara foram: São Paulo (R$ 779,38), Florianópolis (R$ 746,95), Rio de Janeiro (R$ 745,96) e Porto Alegre (R$ 741,30). Nas cidades do Norte e do Nordeste, onde a composição da cesta é diferente, os
menores valores médios foram registrados em Aracaju (R$ 552,97), Salvador (R$ 596,88) e João Pessoa (R$ 600,10).
Entre fevereiro de 2022 e fevereiro de 2023, a comparação dos valores mostrou que a cesta apresentou alta em todas as capitais, com variações que oscilaram entre 3,91%, em Vitória, e 15,33%, em Belém.
Nos dois primeiros meses do ano, o custo do conjunto de gêneros alimentícios básicos aumentou em sete cidades, com destaque para as variações registradas em Recife (7,40%), Natal (7,15%), João Pessoa (6,81%) e Aracaju (6,13%). As quedas mais importantes ocorreram em Campo Grande (–3,26%) e Porto Alegre (–3,18%).
Com base na cesta mais cara, que, em fevereiro, foi a de São Paulo, e levando em consideração a determinação constitucional que estabelece que o salário mínimo deve ser suficiente para suprir as despesas de um trabalhador e da família dele com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência, o DIEESE estima mensalmente o valor do salário mínimo necessário. Em fevereiro de 2023, o salário mínimo necessário para a manutenção de uma família de quatro pessoas deveria ter sido de R$ 6.547,58, ou 5,03 vezes o mínimo reajustado em R$ 1.302,00. Em janeiro, o valor necessário era de R$ 6.641,58 e correspondeu a 5,10 vezes o piso mínimo. Em fevereiro de 2022, o mínimo necessário deveria ter ficado em R$ 6.012,18 ou 4,96 vezes o valor
vigente na época, que era de R$ 1.212,00.
Cesta x salário mínimo
Em fevereiro de 2023, o tempo médio necessário para adquirir os produtos da cesta básica foi de 114 horas e 38 minutos, menor do que o de janeiro, de 116 horas e 22 minutos. Já em fevereiro de 2022, a jornada média foi de 114 horas e 11 minutos. Quando se compara o custo da cesta e o salário mínimo líquido, ou seja, após o desconto de 7,5%, referente à Previdência Social, verifica–se que o trabalhador remunerado pelo piso nacional comprometeu em média, em fevereiro de 2023, 56,33% do rendimento para adquirir os produtos alimentícios básicos e, em janeiro, 57,18% da
renda líquida. Em fevereiro de 2022, o percentual ficou em 56,11%.
Comportamento dos preços dos produtos da cesta
Entre janeiro e fevereiro, o valor médio da batata diminuiu em todas as capitais do Centro–Sul, onde o tubérculo tem o preço coletado. As quedas oscilaram entre –22,50%, em Curitiba, e –6,30%, em São Paulo. Em 12 meses, o valor da batata teve elevação em sete capitais, com destaque para São Paulo (32,86%). Em outras três cidades, houve redução, entre as quais destaca–se a registrada em Vitória (–12,21%). A maior oferta do tubérculo reduziu os preços no varejo.
O preço do óleo de soja diminuiu em 15 das 17 capitais. As reduções mais importantes ocorreram no Rio de Janeiro (–6,46%) e em Porto Alegre (–6,05%). Em João Pessoa, não houve variação de preço e, em Belém, a alta foi de 0,50%.
Em 12 meses, 11 cidades apresentaram redução, com taxas entre –10,60%, em Campo Grande, e –0,56%, em Vitória. Já as elevações mais expressivas no período foram registradas em Belém (5,73%) e João Pessoa (3,77%). Um expressivo volume tem sido exportado e, internamente, o alto patamar de preços praticado no varejo tem inibido o consumo do produto.
O preço do tomate diminuiu em 13 das 17 capitais pesquisadas, entre janeiro e fevereiro, com destaque para Florianópolis (–21,82%), Campo Grande (–18,63%) e Porto Alegre (–18,48%). As altas ocorreram em João Pessoa (6,75%), Salvador (5,30%), Belém (1,27%) e Natal (0,36%). Em 12 meses, o tomate também mostrou comportamento de preço diferenciado, com elevação em sete cidades, entre as quais destacam–se Belém (18,34%) e Brasília (12.87%); e reduções em 10 cidades, a mais expressiva em Vitória, de –16,97%. Os produtos colhidos na safra de verão abasteceram o mercado e reduziram o preço no varejo.
Entre janeiro e fevereiro, o preço médio do café em pó diminuiu em 12 capitais, com destaque para as taxas de Goiânia (–2,80%) e de Natal (–1,89%). A maior alta ocorreu em Florianópolis (1,07%). Em 12 meses, o valor médio acumulou aumento em 10 capitais, chegando a 16,17% em São Paulo. Entre as cidades que tiveram redução, chamou atenção a variação de Brasília, de –13,90%. Apesar da menor oferta do grão, houve queda do preço internacional do café e das exportações, o que explica a redução dos valores na maior parte das cidades.
O preço médio da farinha de mandioca, pesquisada no Norte e Nordeste, subiu em todas as capitais, exceto em Fortaleza (-1,36%). As maiores elevações foram registradas em Belém (7,02%) e Aracaju (4,65%). Em 12 meses, as altas oscilaram entre 34,01%, em Natal, e 42,97%, em João Pessoa. A disponibilidade e a comercialização da raiz foram menores, devido às chuvas, e os preços seguiram em alta no varejo.
A pesquisa captou elevação do preço médio do pão francês em 13 das 17 capitais, com destaque para Porto Alegre (3,46%) e João Pessoa (1,01%). Em Belém, não houve variação. As quedas foram registradas em Aracaju (-1,10%), Curitiba (-0,83%) e Brasília (-0,06%). Em 12 meses, as altas, verificadas em todas as capitais, oscilaram entre 12,61%, em João Pessoa, e 27,40%, em Recife. Anecessidade de importação de trigo e a desvalorização cambial encareceram o insumo do pão, por isso houve alta no varejo.
O custo do quilo do feijão subiu em 12 capitais. O preço do tipo preto, coletado nas capitais do Sul, em Vitória e no Rio de Janeiro, aumentou em todas as cidades. As variações oscilaram entre 1,12%, no Rio de Janeiro, e 4,15%, em Porto Alegre. Em 12 meses, houve recuo de preço em todas as capitais, com destaque para a variação de Vitória (-5,11%). O tipo carioquinha, pesquisado no Norte, Nordeste, Centro-Oeste, em Belo Horizonte e São Paulo, apresentou redução em cinco capitais, com taxas que variaram entre -2,15%, em Belo Horizonte, e -0,10%, em
Fortaleza. As elevações de maior destaque ocorreram em Natal (3,98%), Campo Grande (2,82%) e São Paulo (1,29%). Em 12 meses, todas as cidades registraram alta, com taxas entre 18,85%, em Fortaleza, e 47,56%, em Goiânia. O comportamento diferenciado do preço do grão carioca nas capitais pode ser explicado por dois movimentos. De um lado, os produtores estariam com estoque menor, à espera de um preço mais alto para comercialização, porém, a demanda esteve enfraquecida devido aos altos patamares praticados no varejo e ao recesso de Carnaval. Em relação ao grão preto, como o abastecimento do mercado tem sido feito por importação, a desvalorização cambial explica os aumentos no varejo.
Em fevereiro de 2023, o preço do arroz agulhinha aumentou em 11 cidades, com variações entre 0,35%, em Belém, e 4,50%, em Porto Alegre. As reduções mais importantes foram anotadas em São Paulo (–1,86%) e Natal (–1,13%). Em 12 meses, as altas acumuladas chegaram a 28,99%, em Vitória; 22,54%, em Porto Alegre; 20,92%, em Goiânia; 19,59%, em Curitiba; e, 18,76% em Florianópolis. Apesar do avanço na colheita do arroz, os preços no varejo seguiram firmes na maior parte das cidades, devido às incertezas em relação ao volume da safra e à desvalorização cambial, que estimula a exportação.
O preço do leite integral, assim como o da manteiga, aumentou em 11 capitais. No caso do leite, as maiores elevações foram observadas nas cidades do Sul: Florianópolis (6,88%), Porto Alegre (6,47%) e Curitiba (4,85%). Para a manteiga, os destaques são Belém (3,11%), João Pessoa (2,39%) e Campo Grande (2,03%).
Em 12 meses, o valor médio do leite acumulou alta em todas as capitais pesquisadas, com taxas entre 21,66%, em Belém, e 39,07%, em Curitiba. A manteiga também apresentou alta em todas as cidades. As variações oscilaram
entre 9,46%, em Vitória, e 28,48%, em Recife. A menor oferta do leite no campo e o aumento das importações de lácteos resultaram na alta dos preços do leiteintegral e da manteiga no varejo.
15 maio, 2024
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