Celulares apreendidos em presídios de MS são usados como ferramentas de ensino

Foto: Tatyane Santinoni

Celulares interceptados pela Polícia Penal em presídios de Mato Grosso do Sul agora estão sendo utilizados como ferramentas de ensino na Escola Estadual Lúcia Martins Coelho, em Campo Grande. A iniciativa faz parte do Projeto “Transforme”, que envolve a Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário), o Ministério Público Estadual e instituições de ensino superior como UCDB, UFMS e Estácio de Sá, com o apoio da Secretaria de Estado de Educação (SED).

Os celulares apreendidos são submetidos a investigações e, após autorização judicial, são formatados e repassados para escolas que os solicitam. A Escola Estadual Lúcia Martins Coelho recebeu 50 aparelhos. Segundo o diretor-presidente da Agepen, Rodrigo Rossi Maiorchini, a iniciativa contribui para a inclusão digital no ensino público. “A educação é um esforço coletivo e iniciativas como essa promovem a inclusão digital”, afirma.

O diretor da escola, Márcio Beretta Cossato, que buscou a parceria com a Agepen, destacou o impacto positivo. “Muitos alunos não têm acesso a celulares ou internet. Com esses dispositivos, poderemos oferecer uma educação mais igualitária”, comentou. Os aparelhos complementam o uso de computadores, ampliando o acesso dos alunos à internet e aos recursos digitais.

Professores da escola, como Ruth Bobadilha, que leciona Espanhol, já estão utilizando os celulares em atividades pedagógicas. “A tecnologia melhora a dinâmica das aulas e complementa o aprendizado dos alunos, que são uma geração tecnológica”, defende a professora.

A promotora de Justiça Jiskia Sandri Trentin, idealizadora do projeto, revelou que 744 celulares já foram repassados a alunos da rede municipal e que outros 2.070 aparelhos estão prontos para doação. O projeto também inspirou a criação do Projeto de Lei Federal nº 1906/2021, que visa a doação de celulares apreendidos em presídios para alunos da rede pública de ensino.