Por João Paulo Ferreira | 10 dezembro, 2024 - 11:19
A deputada estadual Gleice Jane utilizou a tribuna da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul nesta semana para criticar o projeto de lei que propõe a instalação de câmeras de vídeo em escolas, medida que, segundo ela, pode agravar problemas no ambiente educacional. A parlamentar destacou a necessidade de humanização no ensino e a promoção do diálogo como caminhos para solucionar os desafios enfrentados pelas instituições de ensino no estado.
Durante a sessão, Gleice Jane ressaltou que a ideia de instalar câmeras em escolas surgiu como uma resposta a problemas como violência e insegurança nas unidades educacionais. No entanto, ela acredita que a proposta de vigilância, mesmo sem captação de áudio, pode prejudicar a relação entre professores, estudantes e a gestão escolar. “Hoje, temos professores que trabalham sob o viés do medo, com muitos sofrendo de transtornos mentais como depressão e ansiedade”, apontou.
A deputada questionou a visão que limita o papel das escolas à transmissão de conteúdos curriculares, ignorando seu papel social e formativo mais amplo. Para ela, a escola é um espaço de convivência e acolhimento, onde se constroem relações humanas e se identificam problemas, como violências sofridas pelas crianças em diferentes contextos. “Educação não pode ser vigilância. É um processo de escuta, confiança e acolhimento”, afirmou.
Gleice também destacou os impactos negativos de movimentos como o “Escola Sem Partido”, que, na sua visão, geraram um ambiente de insegurança para educadores ao restringir debates e discussões em sala de aula. Segundo a deputada, os professores enfrentam medo constante de serem gravados, o que compromete a abordagem de temas essenciais para o aprendizado.
O Projeto de Lei 264/2024, que prevê a instalação de câmeras, está em tramitação na Assembleia e foi retirado da pauta desta quarta-feira (4) após pedido de vistas do deputado Pedro Kemp. A proposta, de autoria do Poder Executivo, proíbe a instalação de câmeras em áreas de privacidade, como banheiros e salas de professores, e foi justificada pelo governo como uma resposta ao aumento de ilícitos penais registrados nas escolas em 2023.
Apesar de reconhecer a preocupação com a segurança, Gleice Jane criticou a solução apresentada. “Precisamos de humanização e isso não se faz no nível de vigilância. Devemos estimular o diálogo de combate à violência. Perdemos a capacidade de dialogar”, afirmou. A parlamentar também cobrou informações da Secretaria de Educação sobre o cronograma de convocação de aprovados em concursos públicos e dados sobre a demanda por vagas em áreas de ensino específicas.
Para a deputada, a melhoria da educação no estado depende de uma gestão mais eficaz das políticas públicas, do fortalecimento do diálogo entre todos os envolvidos e da valorização dos profissionais da educação. “A vigilância constante não é o caminho. O verdadeiro avanço virá de investimentos no diálogo e no suporte adequado aos educadores”, concluiu.
11 dezembro, 2024
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