Educação dentro das prisões de Mato Grosso do Sul transforma vidas e abre oportunidades

A Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário de Mato Grosso do Sul (Agepen/MS) tem colocado a educação no centro de suas prioridades, transformando unidades prisionais em ambientes onde os internos têm a oportunidade de reinventar suas vidas através do aprendizado. Essa iniciativa tem resultado em histórias inspiradoras de superação, como a de Luiza da Silva, uma jovem de 25 anos que viu seus sonhos se tornarem realidade enquanto cumpria pena no Estabelecimento Penal Feminino “Luiz Pereira da Silva”, em Jateí.

Luiza compartilhou sua jornada, marcada por um passado de envolvimento com o mundo do crime desde a adolescência. “Aos 13 anos parei de estudar e me envolvi no mundo do crime, aos 15 me aprofundei mais, aos 17, quando pensava em voltar para escola, aconteceram várias coisas, meu pai adoeceu e ficou em uma cadeira de rodas e logo depois eu engravidei”, relata.

Esses eventos levaram Luiza ao envolvimento com o tráfico de entorpecentes e outros crimes, levando-a à prisão. No entanto, o que poderia ter representado o fim de sua esperança se transformou em uma oportunidade de redenção graças à educação.

Luiza, a caçula de sete irmãos, tornou-se a primeira de sua família a concluir o ensino médio, uma conquista que ela descreve como “uma vitória, uma benção”. Agora, seu plano para o futuro é continuar estudando e buscar uma faculdade de Direito, tornando-se um exemplo para seus filhos e inspirando-os a seguir o caminho certo. “Estudar abre portas da mente que jamais serão fechadas. Posso dizer que a educação me libertou”, afirma emocionada.

A oferta de ensino regular dentro das unidades prisionais é resultado de uma parceria entre a Agepen e a Secretaria de Estado de Educação (SED). Ao todo, são 30 unidades prisionais com extensões escolares da rede estadual de ensino, oferecendo educação fundamental e média por meio do sistema EJA (Educação de Jovens e Adultos).

Na unidade prisional de Jateí, Luiza teve a oportunidade de estudar graças à extensão escolar da Escola Estadual Professora Bernadete Santos Leite. O trabalho dedicado dos professores e equipe técnica, juntamente com o apoio dos policiais penais, desempenhou um papel fundamental em estimular a determinação de Luiza em superar as dificuldades acadêmicas.

Luiza retomou seus estudos dentro do sistema prisional em 2020, ingressando no módulo intermediário do EJA, que representa a segunda etapa do ensino fundamental, antes de progredir para o ensino médio, que ela concluiu no último semestre.

Solange Pereira da Silva, diretora do presídio de Jateí, enfatiza a importância de adquirir um certificado de conclusão de ensino dentro do sistema prisional, destacando que isso pode ter um significado ainda maior para aqueles que estão em situação de prisão.

Dados da Divisão de Assistência Educação da Agepen revelam que, somente no primeiro semestre deste ano, mais de 2,3 mil reeducandos e reeducandas tiveram a oportunidade de estudar desde a alfabetização até o ensino médio dentro das unidades prisionais do estado. Além disso, 68 indivíduos cursaram o ensino superior por meio de parcerias da Agepen com universidades.

Rodrigo Rossi Maiorchini, diretor-presidente da Agepen, destaca a importância da educação como ferramenta de transformação. “Citando Paulo Freire, a educação não transforma o mundo, a educação muda pessoas e as pessoas transformam o mundo. Então cada pessoa que conseguirmos mudar dentro do sistema prisional de Mato Grosso do Sul, por meio da educação, será um mundo de possibilidades, com resultados positivos incalculáveis”, finaliza.

O caso de Luiza da Silva é apenas um exemplo dentre muitos que demonstram como a educação pode desempenhar um papel fundamental na ressocialização dos indivíduos e na construção de um futuro melhor para aqueles que cometem erros no passado. A Agepen/MS continua comprometida em oferecer oportunidades de aprendizado e transformação para todos os que estão sob sua custódia, promovendo a cidadania e realizando sonhos dentro das paredes das prisões de Mato Grosso do Sul.