Por Viviane Freitas | 19 janeiro, 2024 - 8:49
O perfil dos estudantes que ingressam no Ensino Superior no Brasil é predominantemente jovem. Segundo pesquisa encomendada pela Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (ANDIFES), 75% dos universitários têm até 24 anos. Contudo, isso não implica que pessoas idosas não sejam bem-vindas à universidade. Pensando em atrair esse público, a Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS) está realizando o projeto piloto da Universidade da Maturidade (UMA).
O coordenador do projeto, Prof. Dr. Djanires Lageano Neto, destaca a importância de incluir os idosos no sistema educacional, abordando desafios e apresentando soluções inovadoras. “Entre os desafios está compreender que em cada fase de vida é necessária uma estratégia de ensino e aprendizagem diferenciada. Não se pode tratar da mesma forma aquele que requer uma atenção diferente. Estamos lidando com diversas gerações; se pensarmos nas pessoas idosas, elas não nasceram como os jovens da atualidade, navegadores digitais desde o início. A rede de ensino deve preparar os professores de forma intergeracional, compreendendo aspectos gerontológicos e sociológicos desde a infância. Além disso, é crucial incluir metodologias ativas para tornar o aprendizado ao longo da vida mais prazeroso”, explica.
Ao abordar a educação continuada, ele ressalta a importância de considerar os interesses dos estudantes, independentemente da idade, para que o aprendizado faça sentido no cotidiano. “Acreditamos que esse processo precisa ser mediado a partir dos interesses dos estudantes, independente da idade. O aprendizado precisa fazer sentido no cotidiano. São muitas relações construídas quando há a interação dos mais jovens com as pessoas idosas”, destaca.
Sobre a integração tecnológica, o Prof. Neto sublinha que a inclusão digital é crucial para proporcionar autonomia e dignidade aos idosos na sociedade conectada atual. Ele enfatiza a importância de unir educação e tecnologia para facilitar o aprendizado significativo. “A inclusão digital promove autonomia e dignidade para as pessoas idosas. Vivemos em uma sociedade conectada e em rede, desde um simples aplicativo de banco até compras na internet e redes sociais, entre tantos outros dispositivos. A educação e a tecnologia caminham juntas para promover uma aprendizagem mais significativa aos indivíduos, além de possibilitar empregabilidade nos dias atuais”, comenta.
Em relação às políticas públicas, o Prof. Neto sugere programas de formação continuada para professores, focados na educação intergeracional. Ele destaca a importância de incluir temas como tecnologia, cultura, empreendedorismo, saúde e direitos humanos nos currículos escolares. “Sugerimos que seja oferecido um programa de formação continuada em Educação Intergeracional aos professores da rede estadual e municipal. Além disso, que seja incluído nos itinerários formativos oferecidos nas escolas relações que estimulem a aprendizagem ao longo da vida, incluindo temas como tecnologia, cultura, empreendedorismo, saúde e bem-estar, direitos humanos, entre tantos outros assuntos”, conclui.
O participante, Acadêmico Jurandir José de Oliveira, 79 anos, médico aposentado e jogador de beach tênis, compartilha sua motivação em manter a mente ativa, elogiando a diversidade de aulas e expressando expectativas de aplicar os conhecimentos adquiridos após a formação. “O que me motivou foi tentar socializar, aprender como lidar com o público e, claro, manter meu cérebro funcionando. Na nossa idade, precisamos disso. Estou gostando muito, temos aula desde economia até inglês. Cada dia é um dia para aprender algo novo”, comenta o participante.
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