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Menino autista é expulso de hotel e detido em Ponta Porã; Pai denuncia tortura psicológica

Garoto de 10 anos com autismo nível 3 foi impedido de urinar e preso duas vezes, segundo o pai

Por João Paulo Ferreira | 17 julho, 2024 - 16:42

Um menino de 10 anos com Transtorno do Espectro Autista (TEA) nível 3 foi expulso do Hotel Guarujá, impedido de usar o banheiro do estabelecimento e preso duas vezes em Ponta Porã, Mato Grosso do Sul. O caso ocorreu em 24 de março, e o pai do garoto, Marco Antônio do Nascimento, revoltado, acionou as autoridades locais.

Marco Antônio, que é do Rio de Janeiro, estava na cidade para matricular-se em um curso de medicina no Paraguai. Ele relatou que seu filho estava tomando banho no hotel quando um funcionário reclamou do barulho. Em seguida, o dono do hotel expulsou a família e ordenou que saíssem imediatamente.

Segundo registro no Ministério Público Federal, Marco Antônio desceu ao hall do hotel, onde não havia hóspedes, quando o proprietário apareceu e anunciou a expulsão. O menino, ao ouvir que seria expulso, teve um surto psicótico, gritando e empurrando um sofá sem causar danos, conforme afirmou o pai.

O dono do hotel chamou a Polícia Militar, que, segundo Marco Antônio, invadiu o quarto sem mandado e prendeu a criança. O menino foi levado a um hospital, onde teria sofrido mais violência. Após ser medicado com fortes remédios, teve alta e foi levado pelo pai de volta ao hotel por uma viatura da Prefeitura de Ponta Porã.

No retorno ao hotel, a família se preparava para sair antes do horário limite quando um funcionário apresentou a nota fiscal e afirmou que o quarto já estava alugado. O menino, necessitando usar o banheiro devido aos medicamentos, foi impedido. Desesperado, entrou em crise novamente enquanto o pai implorava pelo uso do banheiro. O dono do hotel sugeriu que o menino urinasse atrás do prédio, onde havia uma obra.

A Guarda Municipal foi chamada, deslocou duas viaturas e prendeu novamente o menino, seu irmão e o pai, levando-os ao hospital. Na “Sala Vermelha” do hospital, guardas invadiram e seguraram o garoto, desrespeitando seus direitos, segundo o pai, que pediu a prisão dos envolvidos.

O caso foi levado ao Ministério Público Federal, que encaminhou a denúncia para o Ministério Público Estadual de Mato Grosso do Sul (MPE-MS).

Hotel nega acusações

Em contato com a administração do hotel, um gerente, que preferiu não se identificar, negou as acusações. Ele afirmou que o hotel possui imagens de segurança que mostram a realidade do ocorrido e que ele mesmo acionou a PM e a Guarda Municipal para pedir ajuda por supostos maus-tratos do pai contra o filho, que estava em surto. O gerente sugere que as denúncias do pai são de má-fé e aguarda os trâmites judiciais.

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