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Estudo revela preocupante mudança climática no Pantanal

Estudo calculou razão entre o acumulado de chuvas e a demanda de evaporação da atmosfera, no intervalo de seis décadas

Por Viviane Freitas | 5 junho, 2024 - 10:36

Foto: Fotógrafo José Medeiros/ReproduçãoInstagram)

O Pantanal, a maior planície inundável do mundo, está ficando mais seco a cada ano. Incêndios de grandes proporções são uma consequência visível dessa mudança.

Um estudo recente identificou, pela primeira vez, uma zona de clima “subúmido seco” no oeste do Pantanal sul-mato-grossense, abrangendo Corumbá, Ladário e a Bacia do Rio Paraguai. Essa descoberta indica uma mudança climática nunca antes detectada na região.

A pesquisa também revelou pela primeira vez a existência de clima árido na Amazônia, destacando a necessidade urgente de medidas para mitigar os impactos ambientais.

No Pantanal, altas temperaturas, estiagem e ressecamento do solo ameaçam transformar o cenário natural, explica o hidrólogo Javier Tomasella, do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), um dos autores do estudo. A pesquisa, feita em parceria com o Cemadem (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais), analisou a aridez no Brasil entre 1960 e 2020, considerando variáveis como chuva e evapotranspiração.

Áreas subúmidas secas, como as encontradas no Pantanal, são aquelas onde a relação entre chuva e evapotranspiração fica entre 0,5 e 0,65. Este tipo de clima, nunca registrado antes em Mato Grosso do Sul, estabeleceu-se rapidamente, especialmente na Bacia do Rio Paraguai, entre 1990 e 2020, o ano mais devastado por incêndios no bioma.

A tendência de aumento da aridez no Brasil, com exceção do sul, está ligada ao superaquecimento global. O estudo também identificou uma nova área árida no norte da Bahia, nunca antes observada.

A seca frequente impacta a agricultura, pecuária e turismo no Pantanal, conforme Tomasella. Ele defende que é crucial aprender a lidar com o clima mais seco e usar os recursos naturais de maneira mais eficiente.

Os desequilíbrios ecológicos provocados pela seca afetam a fauna e a flora do Pantanal. O agravamento da seca culminou na maior tragédia ambiental registrada no bioma em 2020, quando 3.909.075 hectares de vegetação foram devastados pelo fogo, equivalente a 26% do Pantanal.

Os novos focos de incêndio, que surgem no período de estiagem de abril a setembro, representam um risco iminente. Desde o último fim de semana, o Corpo de Bombeiros de Corumbá combate incêndios nas regiões da Baía do Tamengo, Paraguai Mirim, Forte Coimbra, Barra do São Lourenço e Serra do Amolar.

A meteorologia prevê um agravamento do clima seco em todo o estado a partir desta quarta-feira (5). Até a próxima sexta-feira, dia 14, Mato Grosso do Sul enfrentará um bloqueio atmosférico, com temperaturas atipicamente quentes e sem expectativa de chuva nos próximos 10 dias, o que aumenta o risco de novos focos de queimada.

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