Por Viviane Freitas | 16 novembro, 2021 - 9:15
A população de jacarés no Pantanal está sofrendo uma grave ameaça por conta das condições que o bioma enfrenta nos dois últimos anos. A estiagem mais severa causou grande impacto nesses répteis, que dependem da água para sobreviver.
Eles são animais de sangue frio e necessitam de sol e de água para conseguirem regular sua temperatura corporal. Além disso, é no meio aquático que eles têm maior mobilidade, conseguem caçar e se refugiam melhor das presas.
Esse ambiente acabou sendo reduzido entre 2020 e 2021, e há estudos que apontam para um risco de mortalidade desses animais no Pantanal, tanto em áreas de Mato Grosso do Sul como em Mato Grosso.
Situações que levantaram o alerta sobre a condição dos jacarés que vivem no Pantanal, da espécie Caiman yacare, ocorreram após a localização de centenas deles em pequenos açudes.
Os jacarés passaram a invadir esses locais, criados em fazendas para que o gado possa beber água, e foram se acumulando.
Um dos primeiros registros desse tipo ocorreu em novembro do ano passado. Na fazenda Palmeirinha, que fica na Nhecolândia, em Corumbá, centenas de jacarés, de diferentes tamanhos, estavam todos amontoados em açudes.
Alguns desses animais até tentaram atacar bezerros, mas estavam fracos e fora da água não possuíam a mesma agilidade para caçar.
Neste ano, no começo de outubro, houve outra situação semelhante ao ocorrido na Fazenda Palmeirinha. Em um corixo praticamente seco perto do Rio Pixaim, em Poconé (MT), centenas de animais foram encontrados e apresentavam sinais de fraqueza.
O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) chegou a montar uma operação na região para tentar transportar alguns desses jacarés para outras áreas.
Nessa localidade, estima-se que 600 jacarés compartilhavam uma área que não comportava esse total de população. Os répteis estavam desnutridos e o calor excessivo estava atrapalhando a sobrevida deles.
Esses dois registros pontuais servem para ilustrar um pouco dos impactos que a atual estiagem está causando nessa espécie, que já foi ameaçada no Pantanal por conta da caça, principalmente na década de 1980 e no início dos anos 1990.
A Embrapa Pantanal tem estudo para monitorar a população e as condições que possam causar riscos. Conforme o órgão federal, o momento é de alerta para garantir uma melhor preservação.
Sobre a área alagável, o Mapbiomas já identificou que Mato Grosso do Sul perdeu 780 mil hectares de água entre 1985 e 2020, e a maior parte dessa redução de área está no Pantanal.
“A ameaça é a falta/escassez hídrica que diminui drasticamente seus ambientes e, assim, causa morte de indivíduos. O Pantanal abriga uma população vigorosa em anos de oferta de ambientes, em torno de 3 milhões de indivíduos, dados da Embrapa. Mas nesses últimos três anos a seca severa tem causado mortes de indivíduos”, reconhece a pesquisadora Zilca Maria da Silva Campos.
A engenheira florestal, doutora em Ecologia, é pesquisadora da Embrapa desde 1989 e especializada em manejo da vida silvestre, atuando principalmente com jacarés do Pantanal.
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