Por Redação | 7 junho, 2022 - 10:08
Após brigarem por 4h com direito a garras afiadas, rugidos e sangue, as onças-pintadas Ferinha e Tupã selaram a paz, no Pantanal de Mato Grosso do Sul. A jornalista de São Paulo, Malu Pinheiro, estava de visita ao Refúgio Ecológico Caiman, em Miranda (MS), e teve a oportunidade de acompanhar o acasalamento das onças.
De acordo com a jornalista, as onças ficaram juntas por seis dias, entre o final de maio e começo de junho. “ Passei cinco dias na Caiman, foi bem o período da cópula dos dois. Teve um dia que fiquei uma hora próxima a eles e foram 10 cópulas. […] Rola a aproximação, eles copulam, ele faz o barulho que conhecemos como rugido ou esturro e ela gira. Depois de uns 10 minutos, acontece tudo de novo”, detalhou ao site G1.
Na segunda semana de maio, as onças foram protagonistas de um duelo digno de gigantes. Tupã se aproximou para tentar copular com Ferinha, mas ela se recusou por causa do filhote que estava próximo e partiu para cima do macho.
Dias depois, o jogo virou e elas passaram dias juntas. O biólogo e guia da Organização Não Governamental (ONG) Onçafari, Bruno Sartori Reis, que registrou a briga das onças explica que esta mudança de comportamento é normal.
“Isso vai acontecer bastante. A Ferinha e o Tupã já copularam algumas vezes. Aquele dia em si ela não estava muito afim por conta do filhote, mas é comum acontecer, porque as fêmeas têm territórios bem menores, coisa de 50 km². O macho tem três, quatro vezes isso. Então eles vão se encontrar várias vezes e cada vez será um cenário diferente”, pontua.Por mais que o momento faça parte do ciclo da natureza, Malu, que compartilhou as imagens em uma rede social, conta que ficou assustada a princípio. “Logo na minha primeira saída de safári já encontrei com os dois e eles estavam copulando. No começo, fiquei um pouco assustada, porque o namoro me pareceu um pouco agressivo demais, mas depois entendi que é bem metódico e eles seguem o mesmo padrão durante os dias que copulam”, relata.
Após o acasalamento das onças, a dúvida que fica é o paradeiro do filhote de Ferinha. “Agora a dúvida é se o Tupã matou o filhote da Ferinha, ou se ela o escondeu para ficar com o Tupã e ele parar de encher o saco. Como a cópula terminou, agora estamos na expectativa do filhote aparecer com vida”, torce Malu.
Apesar de chocar inicialmente, isto também é algo natural no meio ambiente, como detalha Bruno Sartori. “Tem muitos cenários assim. Geralmente quando a fêmea não consegue expulsar o macho, ela pode esconder o filhote – e por um bom tempo, uns três, quatro dias – para ir dispersando esse macho, ir levando ele para longe. Com as onças é assim”.
Ele ainda detalha que o processo dura dias. “Elas vão copulando e caminhando por uns dias juntas, o casal, até que elas se separam e vão cada um por um caminho. O que é mais comum das onças fazerem é esconder os filhotes, mas pode sim tanto o Tupã ter pego esse filhote ou uma outra fêmea talvez, porque é uma área que tem várias onças transitando bastante e essa competição por espaço acaba afetando os filhotes às vezes”, explica o biólogo.
Tanto para o biólogo, quanto para a turista, o sentimento que sobra é a gratidão de poder acompanhar de perto a natureza como ela é. “A gente vai cada vez mais entendendo o comportamento dos bichos, de como funciona todas essas interações e é um privilégio estar vendo tudo isso acontecendo na nossa frente”, descreve Bruno.
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