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Rio Paraguai atinge menor marca em 55 anos

Dados deste ano aproxima-se das observadas no período entre os anos de 1968 e 1973

Por Redação | 22 setembro, 2020 - 16:21

Um gigante que corre por 2.695 km entre a nascente no Mato Grosso até desaguar no Rio Paraná, o Rio Paraguai vê suas águas minguarem em 2020, chegando aos menores índices registrados em cinco décadas. Sem o pulso de inundação, o Pantanal tem segundo ano consecutivo de seca e, mais uma vez, foi devorado pelo fogo.

De acordo com o SGB (Serviço Geológico do Brasil), comparando com o histórico de monitoramento na região, de Mato Grosso a Mato Grosso do Sul, a vazante deste ano aproxima-se das observadas no período entre os anos de 1968 e 1973. Ou seja, faz 50 anos que não se registravam níveis tão baixo no Rio Paraguai.  Especificamente em Cáceres (MT), 2020 tem a menor marca em 55 anos: 53 centímetros.

Nesta terça-feira (dia 22), o rio foi medido em 12 centímetros pela Marinha em Ladário, a 419 km de Campo Grande. Neste ano, a maior marca foi 2,10 metros, registrada em 8 de junho.  Desde o mês de julho, o nível das águas do Paraguai só faz descer.

No Forte Coimbra, a 204 km de Corumbá, a marcação na régua nesta terça-feira é de -0,84 centímetros.

Segundo o pesquisador Marcelo Parente Henriques, no ano de 1973, a marca em Ladário foi de -2 centímetros em 19 de outubro. A projeção para o mês que vem é que o rio chegue somente até -11centímetros na régua instalada em Ladário.

Sobre os números negativos, ele explica que o zero é uma referência. “No início de 1900, estimou-se que aquele zero seria um nível que o rio jamais atingiria”, diz.

Mas para demonstrar de que a natureza não se dobra a estatísticas, em 1910, o nível foi de -48 no mês de outubro. “Há 110 anos não tinha agronegócio, grandes cidades, veículo automotor e o evento se apresentava. Acho precipitado afirma que é muita agressão ambiental. Precisa de um coletivo de pesquisadores para estudar as mudanças que estão acontecendo”, afirma Marcelo.

No ciclo das águas, a maior cheia do Rio Paraguai foi em 1988, com máximo de 6 metros e 62 centímetros. Na série histórica, a situação mais severa de seca foi em setembro de 1964.

Nos meses de junho ou julho, quando o nível de água na régua de Ladário atinge cota igual a quatro metros considera-se que houve a cheia.

Bancos de areia – Em Porto Murtinho, a 431 km de Campo Grande, o rio registrou hoje a marcação de 1,52 metro, a menor marca de 2020.

Do alto, imagens com drone mostram bancos de areia no rio. Jornalista em Porto Murtinho, Toninho Ruiz conta que o curso de água não comporta mais barcaças com 25 comboios, como era comum na região.

A chuva até chegou ao município, mas o volume das águas do rio Paraguai depende dos seus afluentes. Como diz a composição Comitiva Esperança, de Almir Sater e Paulo Simões, “vai descendo o Piqueri, o São Lourenço e o Paraguai”.

Época da fartura – Presidente do Instituto Homem Pantaneiro, Ângelo Rabelo destaca o avanço do assoreamento no Rio Paraguai e faz comparativo com o Taquari, que foi asfixiado por sedimentos.

“O Rio Taquari ajuda a exemplificar a nossa preocupação. Estamos acelerando o processo de aporte de sedimentos para a planície. Encurtando uma janela de tempo de cem anos. A prevenção deve começar no planalto, nas nascentes”, afirma.

Conforme o instituto, entre a Barra do São Lourenço, localizada em Corumbá, e Porto Murtinho, são 60 pontos de obstrução do Rio Paraguai. O cenário é retrato do processo natural de depósito de sedimentos numa planície, mas também indica que o volume cresceu e o rio perdeu a capacidade de transportá-lo.

Num ecossistema de ciclos, Rabelo lembra que o Pantanal vem de 35 anos de cheia. Mas na década de 60, era possível cruza o Paraguai-Mirim de carro, no que se convencionou como a época da fartura no Pantanal.

A lógica que predominou foi que quanto mais terra à disposição para o gado, maior o rebanho.

“É fundamental que o governo possa implementar uma política pública para restabelecer essa atividade econômica, criando linha de crédito e uma política diferenciada para a região. Com 300 anos de ocupação não tem estrada, energia e comunicação”, afirma o presidente do Instituto Homem Pantaneiro.

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