Casal que torturou e matou criança fica em silêncio na última audiência do caso

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Stehpanie de Jesus da Silva e Christian Campoçano Leitheim escolheram permanecer em silêncio durante a última audiência de instrução realizada nesta quinta-feira (28) relacionada ao caso de Sophia O’campo, a criança de 2 anos que faleceu em janeiro deste ano.

Os dois estão sob prisão preventiva desde 26 de janeiro de 2023, acusados dos crimes de homicídio qualificado e estupro de vulnerável.

Diante do juiz, Stephanie expressou seu desejo de falar, mas, seguindo orientações de seus advogados, optou por permanecer em silêncio. A defesa de Stephanie, representada por Camila Garcia de Rezende, afirmou que a ré só deporia caso a audiência fosse adiada, pedido que foi negado no início da sessão.

A advogada ressaltou: “Entendemos que a sociedade deseja respostas, e nós também gostaríamos de esclarecer tudo e tornar isso mais simples para todos, mas esta é uma questão estritamente processual. Não se trata de um assunto pessoal, nem de uma estratégia de defesa, é uma questão processual”.

O advogado de Christian, Renato Cavalcante Franco, justificou que orientou seu cliente a ficar em silêncio porque ainda serão anexadas mais provas ao inquérito, incluindo a perícia do celular de Christian. Ele explicou que a lei estabelece que o interrogatório ocorre por último e, como documentos ainda estão pendentes, Christian optou por se pronunciar em um momento posterior.

O pai de Sophia, Jean Carlos O’campo, compareceu à audiência ao lado de seu parceiro, Igor de Andrade. Jean, emocionalmente abalado, se referiu à mãe de Sophia, Stephanie, como “genitora” da criança e lamentou que os acusados não assumiram a responsabilidade por suas ações: “Isso me mostra que os dois são dois covardes. Eles tiveram a coragem de tirar a vida de Sophia, mas não tiveram a coragem de assumir o que fizeram com ela. Se eles tivessem um mínimo de vergonha e honestidade, falariam”, declarou Jean.

A partir de agora, o processo seguirá para as alegações finais.

Testemunha Descreve Sophia Como “Menina Triste”

A última testemunha a depor durante a audiência foi Josias Júnior, ex-marido da tia de Christian e testemunha de defesa do mesmo. A localização de Josias foi inicialmente complicada, pois sua esposa havia informado erroneamente que ele era caminhoneiro. No entanto, a polícia o encontrou trabalhando em um local fixo. Josias explicou ao juiz que a esposa mentiu devido ao nervosismo.

Durante seu depoimento, Josias afirmou que teve pouco contato com Christian após a separação de sua ex-mulher e que também viu Sophia poucas vezes. Segundo ele, a menina nunca parecia machucada e raramente interagia com outras crianças. Quando questionado se Sophia estava triste ou simplesmente tímida, Josias respondeu que conseguia distinguir, pois era pai de três filhos e que, na sua percepção, parecia que ela sentia falta de afeto.

Relembrando o Caso

Sophia Jesus Ocampos, de 2 anos, faleceu em 26 de janeiro de 2023. Ela foi levada sem vida pela mãe à UPA do Bairro Coronel Antonino. Segundo o legista, a morte ocorreu aproximadamente sete horas antes da chegada à unidade de saúde.

Em seu depoimento, a mãe confirmou que sabia que a filha estava morta ao procurar assistência médica. O laudo necroscópico apontou traumatismo na coluna cervical como a causa da morte e confirmou que Sophia foi vítima de estupro. A declaração de óbito menciona traumatismo na coluna cervical que resultou em acúmulo de sangue entre o pulmão e a parede torácica, acrescentando que a criança foi vítima de “violência sexual não recente”.

Sophia era uma paciente frequente em unidades de saúde, tendo sido atendida em 30 consultas médicas em diversas unidades de saúde da cidade. Um dos registros médicos indica que ela sofreu uma fratura na tíbia.

A Secretaria Municipal de Saúde (Sesau) está investigando possíveis falhas no atendimento à criança e um processo administrativo está em andamento para coletar informações de servidores públicos da Sesau. Igor de Andrade, parceiro do pai de Sophia, alegou que eles tentaram obter a guarda da criança, mas que a orientação sexual do casal era um dos obstáculos apresentados pela mãe de Sophia.