Por Redação | 4 setembro, 2024 - 15:34
O apóstolo Denilson Fonseca, líder da Comunidade Cristã Aliançados, está envolvido em uma série de acusações que vêm abalando a congregação em Mato Grosso do Sul. O religioso está no centro de denúncias de desvio de dinheiro, assédio moral, demissões arbitrárias e humilhação pública de pastores. A polêmica ganhou força após o ex-pastor Paulo Lemos expor sua saída da igreja, alegando ter sido expulso e desmoralizado em uma reunião diante de dezenas de pessoas.
Paulo Lemos serviu à igreja por cinco anos, sendo transferido para Mato Grosso do Sul em 2019, onde inicialmente assumiria a igreja em Dourados, mas depois foi direcionado à sede em Campo Grande. Segundo Lemos, o seu salário, inicialmente combinado em R$ 2.500 com aluguel pago pela igreja, passou por reajustes, alcançando mais de R$ 4 mil. No entanto, ele afirma que, em 2023, começou a enfrentar problemas financeiros quando seu salário foi cortado pela metade, sob a justificativa de dificuldades econômicas da igreja, decorrentes da compra de um terreno da TIM ao lado da sede da congregação.
Essa transação imobiliária, envolvendo o pagamento de R$ 13,5 milhões, se tornou uma das principais fontes de conflito jurídico. A igreja, que já havia pago R$ 4 milhões pelo terreno, tentou cancelar o contrato, mas a TIM acionou a justiça, exigindo o pagamento de R$ 3,366 milhões como multa, além de contas em atraso. Segundo denúncias, há suspeitas de que a compra do terreno tenha sido apenas um pretexto para desvio de recursos, com o dinheiro sendo redirecionado para Fonseca por meio de um esquema envolvendo consórcios.
Denúncias de desvio de dinheiro e assédio moral
Além das acusações financeiras, Lemos e outros ex-pastores da Aliançados afirmam que a pressão por arrecadações era constante. Pastores que não conseguiam atingir as metas de arrecadação de dízimos e ofertas eram humilhados publicamente. Denilson Fonseca, segundo os relatos, chegou a afirmar que o problema de alguns pastores era “serem pastores de pobres”, referindo-se aos líderes que não conseguiam obter grandes somas dos fiéis. Relatos indicam que, em reuniões internas, Fonseca tratava os pastores como “funcionários” e cobrava resultados financeiros com rigor.
Outro ponto polêmico envolve a proposta feita a Lemos de usar a Arena Aliançados para ministrar cursos cristãos. Para isso, teria que pagar uma diária de R$ 40 mil pelo espaço, algo que ele considerou inviável. Segundo Lemos, a redução salarial, que atingiu também outros pastores, teria sido uma tática para forçar o desligamento de líderes que se tornavam “inconvenientes” ou que, de alguma forma, ameaçavam a imagem de Fonseca dentro da congregação.
Expulsão em massa de pastores e pressão financeira
As denúncias não param em Paulo Lemos. Pelo menos outros 40 pastores teriam sido demitidos ou afastados de forma humilhante, segundo relatos semelhantes aos de Lemos. A estratégia, segundo os ex-membros, consistia em uma campanha de difamação contra os pastores que eram vistos como uma ameaça. Esses líderes, segundo as denúncias, eram acusados publicamente de má conduta ou de estarem envolvidos em escândalos internos, o que justificava suas expulsões. Entre os motivos usados por Fonseca estava a justificativa de que os pastores sabiam “demais” sobre as operações financeiras e os bastidores da igreja.
As acusações também apontam para uma pressão intensa sobre os fiéis, que eram instados a doar grandes somas de dinheiro sob promessas de bênçãos e prosperidade. Em um dos casos mais graves, fiéis teriam sido orientados a doar suas economias e dinheiro de viagens, com a promessa de que Deus multiplicaria em três vezes o valor doado. Enquanto isso, Denilson Fonseca é acusado de viver uma vida de luxo, incluindo a posse de uma Range Rover e uma residência avaliada em R$ 4 milhões, contrastando com as dificuldades financeiras alegadas pela igreja.
Briga judicial e disputas internas
A disputa pelo terreno da TIM se transformou em um embate judicial que expôs ainda mais as fragilidades da administração da Aliançados. A TIM alegou ter sido prejudicada com a desistência da igreja na compra do terreno e cobra indenização pela perda da chance de fechar outros negócios. Em paralelo, o advogado de um ex-membro da igreja denunciou que nunca houve a intenção de concluir a compra do terreno, mas sim desviar o dinheiro arrecadado para outras finalidades.
Além dos problemas financeiros, a Aliançados também já esteve envolvida em outro escândalo, em 2019, quando Denilson Fonseca foi investigado por promover um curso de “cura gay”. O caso gerou repercussão nacional e foi alvo de uma investigação do Ministério Público, que acabou sendo arquivada.
Posicionamento da Aliançados
Em resposta às acusações, a Comunidade Cristã Aliançados e o apóstolo Denilson Fonseca negaram todas as acusações de desvio de dinheiro e assédio moral. Em nota, a igreja afirmou que os pastores que servem à Aliançados o fazem de forma voluntária, recebendo apenas ajuda de custo, e que a saída de Paulo Lemos se deu por má conduta, e não por expulsão. A igreja também se defendeu, afirmando que as denúncias são fruto de fake news e que todas as suas operações financeiras são transparentes e em conformidade com a lei.
Os processos envolvendo a compra do terreno da TIM e as denúncias trabalhistas de Paulo Lemos seguem em segredo de justiça, enquanto as investigações sobre o suposto desvio de recursos continuam.
7 setembro, 2024
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