Por João Paulo Ferreira | 19 julho, 2023 - 23:50
Após um julgamento histórico que se estendeu por semanas, o empresário Jamil Name Filho, de 46 anos, foi condenado nesta quarta-feira a 23 anos e seis meses de prisão em regime fechado. A sentença é resultado do seu envolvimento no brutal assassinato do estudante Matheus Coutinho Xavier, de apenas 20 anos, ocorrido há quatro anos, que chocou a sociedade e se tornou o estopim para a queda do poderoso empresário e do seu pai, Jamil Name, no Estado de Mato Grosso do Sul.
O homicídio de Matheus Coutinho Xavier aconteceu na noite de 9 de abril de 2019 e foi executado com sete tiros de fuzil, em um crime que causou comoção e indignação na população.
O júri, conduzido pelo juiz Aluízio Pereira dos Santos, da 2ª Vara do Tribunal do Júri, reconheceu por maioria que havia provas contundentes de que Jamil Name Filho foi o mandante da execução do estudante universitário por engano. A pena somou-se a outras três condenações anteriores de Jamilzinho na Operação Omertà, totalizando 23 anos de prisão em regime fechado.
A importância desse julgamento foi ressaltada pelo promotor Moisés Casarotto, que o considerou o “julgamento da década”.
O caso ganhou ainda mais relevância com o depoimento do desembargador aposentado Joenildo Barbosa Chaves, ex-presidente do Tribunal de Justiça de MS. O magistrado revelou um encontro na casa dos Name em que ocorreu uma discussão acalorada entre Jamilzinho e o advogado Antônio Augusto Souza Coelho, relacionada à compra da fazenda Figueira, de 19,1 mil hectares em Jardim. O depoimento de Joenildo Barbosa trouxe luz sobre a dinâmica da família Name e suas relações no âmbito da Justiça.
As investigações revelaram ainda um ponto crucial que ligou Jamilzinho ao assassinato do estudante. Interceptações telefônicas apresentaram mensagens em que o empresário dava indícios de sua participação no crime. Uma delas trazia a seguinte frase atribuída a ele: “A matilha é minha, eu não morro fácil! Que faça a maior matança de MS. De picolezeiro a governador”.
A equipe de defesa de Jamilzinho, liderada por Nefi Cordeiro, ex-ministro do Superior Tribunal de Justiça, destacou a falta de provas concretas que o ligassem ao assassinato de Matheus Coutinho Xavier. Segundo eles, apenas indícios de autoria foram apresentados, e a tese de defesa ressaltou que a acusação não trouxe provas cabais da participação do empresário no crime.
Após o veredito, o advogado criminalista Dr. João Victor Cyrino, conversou com O Sul-mato-grossense. Ele ressaltou a qualidade do júri, destacando o alto nível das defesas, e afirmou que o resultado era esperado devido à grande repercussão do caso na mídia e na sociedade. “O júri foi de alto nível, as defesas trabalharam muito bem. O resultado era esperado diante da repercussão do caso. Entendo que a pena, tecnicamente, pode ser revista em alguns pontos. É um julgamento importante para a história do nosso Judiciário e certamente virão recursos”, declarou.
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