Por João Paulo Ferreira | 12 julho, 2023 - 16:56
Nesta terça-feira (11), a Justiça Federal em Minas Gerais emitiu uma decisão ordenando a exclusão de dois vídeos do pastor André Valadão do Youtube e do Instagram. A determinação atende a um pedido do Ministério Público Federal (MPF), que alegou a existência de “discurso discriminatório” contra a população LGBTQIA+ em cultos realizados nos dias 4 de junho e 2 de julho deste ano na Igreja Batista da Lagoinha, nos Estados Unidos.
A fala considerada mais crítica de Valadão abordava as consequências do ativismo homoafetivo, mencionando que nas paradas LGBT atualmente “homens e mulheres nuas, com seus órgãos genitais completamente expostos dançam na frente de crianças”. O pastor afirmou: “Essa porta foi aberta quando nós tratamos como normal aquilo que a Bíblia já condena. Então, agora é hora de tomar as cordas de volta, dizendo: ‘não, não, não. Pode parar, reseta!’. Aí Deus fala: ‘Não posso mais. Já meti esse arco-íris aí. Se eu pudesse, eu matava todo mundo e começava tudo de novo. Mas prometi para mim mesmo que não posso, então está com vocês’”.
Para os procuradores do MPF, essa declaração pode ser interpretada como incitação à violência contra pessoas homoafetivas. O juiz federal José Carlos Machado Júnior, responsável pela liminar, afirmou que as declarações do pastor “excederam os limites da liberdade de expressão e de crença”.
Segundo o juiz, “o teor das declarações (…), mesmo que proferidas em um contexto de manifestação religiosa, excedeu os limites da liberdade de expressão e de crença, oferecendo um risco potencial de incitar nos ouvintes e fiéis, sentimentos de preconceito, aversão e agressão para com os cidadãos de orientação sexual diversa daquela defendida por ele”.
Em resposta às acusações, André Valadão negou qualquer alusão à agressão ou ameaça em sua fala. Desde a semana passada, quando vídeos com suas declarações começaram a circular nas redes sociais, o pastor afirmou que o que está sendo divulgado é apenas um corte isolado de seu discurso, descontextualizando suas palavras. Nesta terça-feira, ele publicou uma nota sobre a repercussão do caso. Confira o texto na íntegra:
“Estive introspectivo e em oração para entender a avalanche de acontecimentos desses últimos dias. Minha vida e da minha família foram expostas, mentiras e interpretações distorcidas se espalharam. Mas hoje encontrei paz e quero colocar as coisas nos devidos lugares.
Primeiro: não admito, nunca admiti e jamais incitei qualquer dos fiéis que me escutam a agredir, ferir, ofender ou causar qualquer tipo de dano, físico ou emocional, a qualquer pessoa que seja. Repudio qualquer ataque e uso de violência física ou verbal a pessoas por conta da orientação sexual. Sou contra qualquer crime de ódio e incitação à violência. Como cristão, defendo que Deus ama o pecador. E pecadores somos todos, como diz o apóstolo Paulo em Romanos 3:23. Dependemos, sem exceção, do perdão, da misericórdia e da graça de Deus por meio de Jesus Cristo.
Apesar de toda a repercussão na mídia do que falei no culto do dia 2 de julho, preciso dizer que nenhum dos nossos fiéis interpretou o que eu disse da forma como a imprensa divulgou. Não há qualquer relato de agressão ou ameaça”.
A determinação da Justiça Federal marca mais um capítulo na polêmica envolvendo o pastor André Valadão e suas declarações controversas. Enquanto o MPF defende que houve discurso discriminatório, o pastor alega que suas palavras foram mal interpretadas e distorcidas. O caso despertou debates acalorados sobre os limites da liberdade de expressão e o respeito à diversidade sexual.
22 novembro, 2024
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