Por João Paulo Ferreira | 5 dezembro, 2024 - 19:00
Durante o julgamento da mãe e do padrasto da menina Sophia Ocampo, de apenas 2 anos, o médico legista Fabrício Sampaio revelou que a criança foi vítima de abuso sexual pelo menos 21 dias antes de sua morte. Ele ainda destacou que Sophia chegou sem vida à unidade de pronto atendimento onde foi levada.
Segundo Sampaio, o deslocamento grave no pescoço de Sophia, que quase girou 360º, pode ter sido causado por um golpe violento, possivelmente um soco. Apesar disso, ele afirmou que as evidências não corroboram com uma queda acidental. “O que observamos não é favorável a uma queda”, ressaltou o médico.
O legista também explicou que as lesões internas encontradas na criança indicam abuso. “É algo muito difícil de ser causado em situações normais de higiene. Nunca vi algo assim associado a uma simples assadura”, disse ele, reforçando as suspeitas de violência sexual. O padrasto de Sophia confessou ter dado um golpe na cabeça da criança.
Ainda durante o julgamento, foi mencionado que Sophia pode ter agonizado antes de falecer. Mensagens enviadas por Christian Campoçano, o padrasto, incluíam um áudio da menina dizendo “Mãe, tá doendo”. A defesa de Stephanie, mãe da criança, tentou desacreditar as informações apresentadas pelo legista.
Investigador relata comportamento incomum do padrasto após prisão
O investigador Babington Roberto Vieira da Costa, que participou da prisão do padrasto, relatou que o comportamento de Christian foi atípico. Segundo ele, o homem chegou a dormir dentro da viatura, algo que não é comum em casos semelhantes. “Normalmente as pessoas estão nervosas, mas dormir na viatura foi uma primeira vez para mim”, afirmou.
Outro investigador destacou a reação fria de Stephanie ao receber a notícia da morte da filha, comportamento também considerado estranho pelos profissionais de saúde que atenderam Sophia.
Histórico de violência e negligência
Sophia foi levada 30 vezes a unidades de saúde durante sua curta vida, sempre com justificativas para os ferimentos, como supostas quedas ou agressões pelo irmão mais velho. Conversas recuperadas pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) mostram que Stephanie e Christian combinavam histórias para explicar as lesões da menina, como “vamos dizer que caiu no parquinho”.
Mensagens entre o casal indicam que Stephanie tinha conhecimento das agressões. Em uma delas, a mãe questiona o padrasto sobre uma mordida no braço da filha, ao que ele responde: “Sabe que não controlo a mordida, ela é macia demais”. Em outra conversa, Christian admite ter dado uma surra em Sophia, mencionando que ela ficou com a cabeça inchada e sangramento na boca.
Especialista reforça indícios de abuso sexual
A perita Rosângela Monteiro, conhecida por atuar no caso Isabella Nardoni, analisou o caso de Sophia e confirmou o abuso sexual. De acordo com Monteiro, lesões na região genital da criança, como o rompimento do hímen cicatrizado e hematomas nas coxas, indicam que a violência ocorreu dias antes de sua morte.
Relatos também apontam que Sophia foi vítima de torturas físicas graves, como chutes que resultaram em uma perna quebrada, episódio testemunhado pelo filho de Christian. O legista concluiu que a força aplicada no pescoço da criança foi suficiente para causar o trauma fatal na coluna vertebral, levando à morte instantânea.
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