Por João Paulo Ferreira | 24 outubro, 2024 - 8:25
A Polícia Federal deflagrou nesta quinta-feira (24) a Operação “Ultima Ratio”, que investiga um esquema de venda de sentenças judiciais, lavagem de dinheiro, extorsão e falsificação de documentos no Poder Judiciário de Mato Grosso do Sul. A ação resultou no afastamento de cinco desembargadores do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJMS), incluindo o atual presidente, Sérgio Fernandes Martins, e o presidente eleito para 2025, Sideni Soncini Pimentel. Além dos magistrados, o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE-MS), Osmar Domingues Jeronymo, também foi afastado.
A operação foi autorizada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) e resultou no cumprimento de 44 mandados de busca e apreensão em diversas cidades, incluindo Campo Grande, Brasília, São Paulo e Cuiabá. Cerca de 200 agentes da Polícia Federal participaram da ação, que contou com o apoio da Receita Federal. O STJ determinou o afastamento por 180 dias dos magistrados e de outros envolvidos, além da proibição de acesso a órgãos públicos e da comunicação entre os investigados. Todos os afastados deverão usar tornozeleiras eletrônicas durante o período.
Os cinco desembargadores afastados são:
Além dos magistrados, outras figuras são alvo da investigação, incluindo um juiz de primeira instância, dois desembargadores aposentados, um procurador de Justiça, nove advogados e empresários suspeitos de se beneficiarem do esquema.
A Operação “Ultima Ratio” é um desdobramento da “Mineração de Ouro”, deflagrada em junho de 2021, que investigava corrupção e lavagem de dinheiro envolvendo conselheiros do TCE-MS. As investigações apontaram indícios de um esquema de venda de sentenças judiciais e lavagem de dinheiro, levando à operação atual. Segundo a Polícia Federal, foram identificadas práticas de extorsão, falsificação de escrituras públicas e organização criminosa.
Desde a deflagração da “Mineração de Ouro”, em 2021, as investigações revelaram esquemas de contratação de funcionários fantasmas e desvio de verbas públicas no TCE-MS. A operação foi inicialmente baseada em telefonemas interceptados durante a Operação Lama Asfáltica, que indicavam envolvimento de conselheiros do tribunal em atividades criminosas.
A “Mineração de Ouro” teve várias fases. Em 2021, foram cumpridos mandados contra conselheiros do TCE-MS, incluindo Waldir Neves, Osmar Jeronymo e Ronaldo Chadid, por desvios relacionados a contratos fraudulentos e superfaturamento. Em 2022, a 2ª fase, “Terceirização de Ouro”, apurou irregularidades em contratos de consultoria, apontando desvio de recursos públicos.
A operação de hoje é considerada a terceira fase das investigações. O STJ, que emitiu as ordens, destacou que as medidas são necessárias para impedir a continuidade das práticas ilícitas. A decisão de afastar os magistrados foi assinada pelo ministro Francisco Falcão, do STJ.
Até o momento, o Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul não se manifestou oficialmente sobre o afastamento dos desembargadores. A Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional MS (OAB-MS) informou que acompanha as diligências e abrirá uma investigação própria para apurar a conduta dos envolvidos.
A Polícia Federal destacou que a operação leva o nome de “Ultima Ratio”, um termo do Direito que se refere ao uso da Justiça como último recurso para conter práticas criminosas. As investigações continuam, e novos desdobramentos não estão descartados.
Entre os crimes investigados estão:
As diligências e coletas de provas seguem em andamento em diversas localidades do país, buscando comprovar as práticas ilícitas e identificar outros possíveis envolvidos.
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