Por João Paulo Ferreira | 26 julho, 2024 - 18:50
O Corpo de Bombeiros do Mato Grosso do Sul está há quatro dias em operação para conter um incêndio florestal na região da Nhecolândia, iniciado após um caminhão de transporte de gado pegar fogo. As chamas, rapidamente propagadas, mobilizam equipes terrestres e aéreas devido à difícil acessibilidade da área. Paralelamente, um foco de incêndio na Bolívia, na região de Bonfim, está sendo monitorado tanto por satélites quanto por uma equipe local.
Na última terça-feira (23), o incêndio começou quando o caminhão, atolado na areia, pegou fogo. Desde então, quatro guarnições foram enviadas e onze militares foram deslocados de helicóptero para o local. Segundo o coronel Adriano Rampazo, subcomandante-geral do Corpo de Bombeiros e chefe das operações de combate, “o grande foco atual de trabalho é o incêndio na região da Nhecolândia, que começou com um caminhão que pegou fogo. Esta semana os combates estão sendo bastante intensos. A região é muito sensível, tem muitas fazendas e também pelo fato de estar próximo do Parque Estadual do Rio Negro”.
Na fronteira com a Bolívia, o incêndio é monitorado por uma equipe do Corpo de Bombeiros Militar de Mato Grosso do Sul, com apoio do Sistema de Comando de Incidentes (SCI) que fornece dados em tempo real. A equipe utiliza embarcações para observar que o fogo, de baixa intensidade, tem progressão lenta e baixa probabilidade de atravessar para o Brasil, graças à vegetação baixa e áreas úmidas que cercam o local. “Desde ontem os militares acompanham a situação e pelas imagens, foi observado que há baixa probabilidade de progressão das chamas e entrada no Brasil. O fogo é de baixa intensidade e a progressão é lenta, além de estar localizado em vegetação baixa, cercado por uma área úmida com margens de aproximadamente 100 metros”, explicou o coronel Rampazo.
Com 116 dias de operação, a equipe também enfrenta outros focos ativos na região do Porto da Manga e na área de adestramento do Rabicho. Na Nhecolândia as chamas estão nas proximidades da fazenda Tupaceretã e fazenda Santa Sophia. Além das regiões onde estão sendo feitos os combates, existem outras áreas de alerta e monitoramento – além da fronteira com a Bolívia – na região do Maracangalha, nas proximidades da fazenda Caiman, em Rio Verde.
Durante a transmissão do boletim semanal da Operação Pantanal, foi destacado o trabalho do Grupo de Resgate Técnico Animal Cerrado Pantanal (Gretap). Hoje, os voluntários estão em Corumbá (MS) para um curso de manejo, captura e remoção de crocodilianos. Com 23 participantes, incluindo veterinários e acadêmicos, a capacitação é crucial devido ao período crítico de incêndios que se aproxima.
A coordenadora operacional do grupo, bióloga e médica veterinária Paula Helena Santa Rita, ressaltou a importância do preparo para manejar os animais mais afetados pelo fogo. “É o pessoal da linha de frente do Gretap. Entre veterinários, acadêmicos do curso e militares, são 23 pessoas. Esta capacitação é justamente devido ao início do período crítico do fogo, que deve se intensificar. A equipe vai estar preparada para manejar, principalmente os crocodilianos, que são uns dos animais mais afetados pelo fogo”, explicou.
Segundo Arthur Falcette, secretário-executivo de Meio Ambiente da Semadesc, “essa é uma das nossas agendas prioritárias. O Gretap foi criado em 2020 em decorrência dos grandes incêndios florestais. E hoje a atuação acontece em duas grandes frentes, uma delas é o aporte nutricional e o afugentamento de fauna”.
Para garantir a fuga dos animais para áreas seguras a equipe acompanha a progressão do fogo e cria rotas de saída. “O trabalho é potencializado com o uso dos aceiros, que são faixas sem vegetação, confeccionados de forma preventiva – e também para confinar e isolar os incêndios –, inclusive pelos fazendeiros”, explicou Falcette.
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