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El Niño provoca situação climática extrema em MS, com alerta para incêndios florestais no Pantanal

Volume de chuvas no estado está aquém do esperado, e espera-se que essa escassez de precipitações continue

Por João Paulo Ferreira | 11 março, 2024 - 11:01

Influenciado diretamente pelo El Niño, o cenário climático extremo e não usual no Mato Grosso do Sul pode levar a incêndios florestais no Pantanal e em outros ecossistemas do estado, como o Cerrado e a Mata Atlântica.

Desde dezembro de 2023, o volume de chuvas no estado está aquém do esperado, e espera-se que essa escassez de precipitações continue, causando danos ambientais como o aumento das áreas secas e a maior incidência de incêndios florestais.

Vinícius Sperling, meteorologista do Cemtec (Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima de Mato Grosso do Sul), destaca que a falta de chuvas por quase três meses em todo o estado tende a piorar nos próximos meses. Essas informações são compiladas através da análise de 48 municípios e dados fornecidos pela Semadesc (Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação), Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), ANA (Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico) e Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais).

“Em dezembro de 2023, registramos precipitações abaixo da média histórica em 39 dos municípios estudados. Em janeiro deste ano, a tendência se manteve em 41 municípios. A ausência de água no solo resulta em níveis mais baixos dos rios, um reflexo direto da falta de chuvas”, enfatiza Sperling.

Essa crise se estende desde o início do ano, com as duas primeiras semanas de fevereiro mostrando chuvas inferiores à média em quase todos os municípios avaliados. “Com exceção de Porto Murtinho, que registrou 164 milímetros, sendo que 100 milímetros caíram em um único dia, um evento atípico que elevou a média. De modo geral, a ausência de chuva é evidenciada nos índices de seca, que estão se agravando em todo o estado”, relata o meteorologista.

No Pantanal, o Cemtec observou um agravamento da seca no período que normalmente seria mais úmido, entre dezembro e janeiro. “Desde novembro notamos o avanço da seca, com uma deterioração em janeiro devido às chuvas muito abaixo do necessário. Isso resulta em um aumento de focos de calor e incêndios florestais em todos os biomas do Mato Grosso do Sul”, afirma o representante do Cemtec.

Mudanças Climáticas

O fenômeno El Niño causou alterações nas condições de temperatura e precipitação, levando a situações climáticas extremas, com altos e baixos volumes de chuva, umidade relativa do ar e ondas de calor.

Fabiano Morelli, pesquisador do Programa de Monitoramento de Queimadas por Satélites do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), menciona que, em dezembro de 2023, um boletim sobre o El Niño já indicava uma tendência para condições mais secas que o normal em janeiro deste ano.

“A análise detalha a influência do El Niño. A quantidade de chuva está abaixo do esperado na região central do Brasil, com temperaturas acima da média. O fenômeno contribui para manter o clima seco e quente no centro do país, enquanto provoca chuvas intensas, inundações e enchentes no sul”, explica Morelli.

O relatório do Inpe, em colaboração com Inmet, ANA e Cenad (Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres), forneceu monitoramento e previsões sobre o fenômeno em 2023, além de discutir possíveis impactos para este ano.

Além disso, alertou que a previsão de baixos volumes de chuva e sua distribuição irregular no Mato Grosso do Sul contribuiriam para manter o armazenamento hídrico em níveis reduzidos, aumentando o risco de incêndios florestais fora do período crítico de queimadas no Pantanal, que normalmente ocorre de julho a outubro.

Para fevereiro e março, espera-se que a situação persista, com chuvas escassas afetando diretamente o sul, além de São Paulo e Mato Grosso do Sul.

“O El Niño se mostrou particularmente intenso a partir de outubro e novembro. Foi um cenário atípico, com severa seca, inclusive afetando o Rio Amazonas e Manaus, causando muita fumaça. Esse padrão anormal tem impactado nas secas significativas e provavelmente alterou o ciclo hidrológico, afetando o transporte de chuvas da Amazônia para as regiões central e sudeste do Brasil”, relata o pesquisador do Inpe.

O sistema de monitoramento ‘Focos Ativos por Bioma’, do Inpe, indicou que em janeiro deste ano foram detectados 369 focos de calor no Pantanal – abrangendo Mato Grosso do Sul e Mato Grosso –, em comparação com 103 no mesmo período de 2023. Este número em 2024 superou o registrado em 2020, com 226 focos, e ficou atrás apenas de 2019, com 542.

Mais de 58% dos focos em janeiro ocorreram no Mato Grosso do Sul, com os municípios de Corumbá, Aquidauana e Miranda registrando os maiores números.

Prevenção e Resposta

Neste ano, o Corpo de Bombeiros de Mato Grosso do Sul já interveio em dois grandes incêndios, na Serra do Amolar, no Pantanal, e na região do Parque Estadual do Pantanal do Rio Negro, em Miranda.

“As mudanças climáticas são uma realidade, refletidas por incêndios como os de janeiro, tipicamente um mês chuvoso na região. Já enfrentamos dois grandes incêndios este ano, além de um aumento significativo de focos de calor e incêndios em novembro de 2023. Estamos nos preparando cada vez mais para responder a essas emergências de forma rápida e eficaz”, comenta a tenente-coronel Tatiane Inoue, diretora de Proteção Ambiental do Corpo de Bombeiros Militar, responsável pelo monitoramento dos incêndios florestais no estado.

A ação dos bombeiros inclui operações terrestres e aéreas, com o uso de aeronaves para combater chamas em áreas de difícil acesso e transportar equipes. A estratégia também se beneficia de tecnologias avançadas, como drones e georreferenciamento, otimizando o controle e a extinção do fogo.

Desde janeiro, o governo estadual vem planejando ações preventivas e de resposta para assegurar que o combate aos incêndios nos diferentes biomas – Pantanal, Cerrado e Mata Atlântica – seja eficaz.

“Essa estrutura organizacional coloca o Mato Grosso do Sul como referência em proteção ambiental nos últimos anos, com investimentos em capacitação profissional, materiais e tecnologia para aprimorar nossa resposta”, conclui a tenente-coronel Tatiane Inoue.

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