Por João Paulo Ferreira | 12 setembro, 2024 - 11:13
A União Europeia (UE) decidiu embargar a importação de carne bovina de fêmeas do Brasil, uma medida que começará a valer no dia 6 de outubro de 2024, com impacto direto sobre os produtores de Mato Grosso do Sul, um dos principais estados exportadores de carne bovina do país. O Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) divulgou o Ofício Circular nº 24/2024, no qual comunica que apenas carne de machos será exportada para a Europa até que um protocolo seja implementado para garantir que as fêmeas não tenham sido tratadas com ésteres de estradiol, substância usada em protocolos de inseminação artificial.
O protocolo deverá ser implementado ao longo de 12 meses, divididos em quatro etapas, que incluem a adaptação do sistema, a acreditação das certificadoras e a formação de lotes de animais sob o novo protocolo.
Para Ronan Salgueiro, diretor da Acrissul (Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul), a medida foi uma surpresa para os produtores do estado. “Os produtores rurais foram surpreendidos pela medida, uma vez que a Europa nunca impôs nenhuma restrição ao uso do estradiol pelas propriedades, que têm no produto uma forma de melhorar a produtividade do rebanho”, afirmou.
Salgueiro também destacou a importância do mercado europeu para a pecuária do Brasil e, em particular, para Mato Grosso do Sul. “A União Europeia é um importante mercado para a pecuária do Brasil, que sempre foi um parceiro exigente e remunera bem pela carne importada. O Brasil perde muito com isso, vai reduzir o faturamento”, avaliou.
Além disso, ele ressaltou o impacto financeiro para as propriedades que investiram em rastreabilidade e certificação para atender ao mercado europeu. “Tem o lado das propriedades também, que se preparam, investem em rastreabilidade e em certificação, medidas que têm custo alto, adotadas com expectativa de bonificação pelas chamadas Cota Hilton e Lista Trace por quem compra”, explicou.
No Mato Grosso do Sul, 256 propriedades estão listadas no Sisbov, sendo aptas para exportar. Embora algumas delas não trabalhem com fêmeas, Salgueiro alerta que as que operam com cria, recria e engorda para o mercado externo serão severamente afetadas. “Algumas delas não trabalham com fêmeas, mas quem trabalha com cria, recria e engorda para esse mercado externo, vai ser duramente afetado por um tempo”, comentou.
Por fim, o pecuarista expressou preocupação com o impacto da medida em um momento em que o mercado estava se recuperando. “Numa perspectiva geral, as exportações brasileiras serão bastante afetadas e isso acaba respingando no mercado como um todo, incluindo externo e interno, justamente num período em que a arroba do gado gordo vem se recuperando de um longo tempo de baixas cotações”, concluiu.
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