A inflação oficial de 2024, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), ficou em 4,83%, acima do teto da meta estipulada pelo governo, de 4,5%. Os dados, divulgados nesta sexta-feira (10) pelo IBGE, mostram que o aumento no preço das carnes, fatores climáticos e a desvalorização do real frente ao dólar foram determinantes para o resultado.
O grupo alimentos e bebidas teve alta de 7,69%, o maior aumento desde 2022, e foi responsável por 1,63 pontos percentuais do IPCA. Entre os itens, o destaque ficou para as carnes, que subiram 20,84%, representando 0,52 p.p. no índice geral. O aumento foi impulsionado por questões climáticas, como a estiagem e as ondas de calor, que prejudicaram pastagens e agravaram os efeitos da entressafra.
“Essas condições climáticas comprometeram a produção e reduziram a oferta de animais para abate, o que acabou pressionando os preços das carnes”, afirmou André Almeida, analista do IBGE. Entre os cortes que mais subiram estão a costela (21,33%), a alcatra (21,13%) e o contrafilé (20,06%).
Outros alimentos também registraram alta significativa, como o café moído (39,60%) e o óleo de soja (29,21%), mas o impacto das carnes foi maior devido ao peso que têm na cesta de consumo das famílias. Em comparação, o grupo alimentos e bebidas havia subido apenas 1,03% em 2023.
Outro fator destacado pelo governo foi o câmbio. O dólar acumulou alta de 27% ao longo do ano, fechando 2024 cotado a R$ 6,18. A desvalorização do real encarece produtos importados e incentiva exportações, reduzindo a oferta de produtos no mercado interno.
“O câmbio afeta desde commodities alimentícias, como as carnes, até bens com componentes importados. Isso também pressiona a inflação”, explicou Almeida.
Entre os produtos não alimentícios, a gasolina foi o item de maior peso, subindo 9,71% e representando um impacto de 0,48 p.p. no IPCA. O combustível foi o principal responsável pela pressão no índice geral fora do grupo de alimentos.
Em 2024, a inflação foi positiva em 11 meses, com deflação de -0,02% registrada apenas em agosto, influenciada por quedas na conta de luz e nos preços de alimentos. Já o maior resultado mensal ocorreu em fevereiro (0,83%), puxado pelos reajustes de mensalidades escolares.
A inflação acumulada em 2024 reflete uma combinação de fatores climáticos, alta do dólar e reajustes pontuais, conforme apontado pelo IBGE. O resultado confirma o desafio de conter os preços em um cenário global e interno adverso.