O filme brasileiro Ainda Estou Aqui fez história ao ser indicado ao Oscar 2025 na categoria de melhor filme, além de concorrer como melhor filme internacional. A produção baseada no livro homônimo de Marcelo Rubens Paiva também trouxe uma indicação para Fernanda Torres como melhor atriz, consolidando sua relevância na premiação.
A obra, dirigida por André Ristum, é uma adaptação do livro publicado em 2015 e narra a trajetória de Eunice Paiva, interpretada por Fernanda Torres. Eunice enfrentou o regime militar após a prisão e desaparecimento de seu marido, o deputado cassado Rubens Paiva, vivido por Selton Mello. A trama mergulha nos desafios e na força de Eunice durante os anos de repressão, destacando um período crucial da história brasileira.
O filme alcançou 94% de aprovação no site Rotten Tomatoes, recebendo o selo "Fresh" e atraindo a atenção de críticos estrangeiros. Segundo o colunista Roberto Sadovski, de Splash, Ainda Estou Aqui representa a força de uma narrativa brasileira que conquistou o público e a crítica mundial.
O longa enfrentará concorrentes de peso na categoria de melhor filme, como Anora, O Brutalista, Um Completo Desconhecido, Conclave, Duna: Parte 2, Emilia Pérez, Nickel Boys, A Substância e Wicked.
A cerimônia do Oscar está marcada para 2 de março e será transmitida no Brasil pela TNT e pela plataforma Max, a partir das 21h. O anúncio dos indicados, originalmente previsto para 17 de janeiro, foi adiado devido aos incêndios que atingiram Los Angeles, sendo divulgado apenas em 23 de janeiro.
Eunice Paiva, nascida em São Paulo em 1929, foi uma figura de destaque na luta contra a ditadura militar no Brasil. Casada com Rubens Paiva, ela viu sua vida mudar drasticamente com o golpe militar de 1964, que cassou os direitos políticos de seu marido. Em janeiro de 1971, Rubens foi preso em casa no Leblon e nunca mais foi visto.
Após também ser detida por 12 dias no DOI-Codi, Eunice iniciou uma busca incansável por respostas sobre o paradeiro de seu marido. Ela enviou cartas a diversas autoridades, exigindo informações, mas recebia respostas contraditórias. Anos depois, Eunice se tornou um símbolo da luta pela verdade e pela abertura de arquivos do regime militar.
Eunice foi uma das principais forças por trás da Lei 9.140/95, que reconheceu como mortas as pessoas desaparecidas durante a ditadura. Em 1996, conseguiu o atestado de óbito oficial de Rubens Paiva, após 25 anos de busca. Em 2012, uma ficha do DOI-Codi confirmou a entrada de Rubens na unidade, evidenciando seu assassinato.
Eunice conviveu com Alzheimer por 14 anos e faleceu em 2018, aos 86 anos. Sua história, marcada por coragem e determinação, é um dos pilares da narrativa de Ainda Estou Aqui.