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Nova perereca é descoberta em Três Lagoas

Anfíbio raro encontrado no Parque do Pombo intriga cientistas e será nomeado em breve

07/02/2025 às 09h05
Por: João Paulo Ferreira
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Foto: Prefeitura de Três Lagoas
Foto: Prefeitura de Três Lagoas

Pesquisadores das universidades UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e Unesp (Universidade Estadual Paulista) descobriram uma nova espécie de perereca-macaco no Parque Natural Municipal do Pombo, em Três Lagoas, a 275 quilômetros de Campo Grande.

A expedição científica foi liderada pelos pesquisadores Sarah Mangia e Diego Santana, da UFMS, integrantes do Laboratório de Biologia e História Natural de Anfíbios e Répteis (Mapinguari), e contou com a participação de Thiago Pezzuti, da Unesp. A confirmação da nova espécie foi feita por meio de análises genéticas realizadas pelos especialistas Rafael Magalhães, da UFSJ (Universidade Federal de São João del-Rei), e Raíla Araújo, da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais).

Atualmente, a espécie está em processo de descrição e nomeação oficial. Com essa descoberta, o número de espécies catalogadas de perereca-macaco dentro do gênero Pithecopus será ampliado.

Comportamento peculiar e aparência marcante

Diferente da maioria dos anfíbios, que depositam seus ovos diretamente na água, essa perereca utiliza folhas para proteger sua desova. Durante o amplexo — processo no qual o macho segura a fêmea para a fecundação —, o casal escolhe folhas sobre a superfície da água, onde deposita os ovos e os envolve dobrando as folhas, garantindo que, ao eclodirem, os girinos caiam diretamente na água.

Além do comportamento reprodutivo incomum, a espécie se destaca pela coloração vibrante. Com tonalidades esverdeadas predominantes e padrões coloridos nas pernas e flancos, a perereca-macaco possui olhos grandes e hábitos noturnos, aproveitando a escuridão para caçar pequenos invertebrados entre folhas e galhos.

Descoberta reforça importância da conservação

O Parque Natural Municipal do Pombo, um dos principais refúgios de biodiversidade do Cerrado, abriga uma grande variedade de espécies de anfíbios e répteis. A descoberta reforça a importância da conservação ambiental e do investimento em pesquisas científicas para a compreensão dos ecossistemas locais.

Além dessa expedição, outras pesquisas estão em andamento na região. O pesquisador Juan Carrillo, da Unicamp, estuda o comportamento de diferentes espécies de anfíbios, enquanto Luciano Anjos, da Unesp, investiga a ecologia do parasitismo nesses animais.

A Prefeitura de Três Lagoas confirmou a descoberta e ressaltou seu apoio aos estudos científicos no Parque do Pombo, destacando o papel da unidade na preservação da fauna do Cerrado.

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