Uma megaoperação da Polícia Civil de Mato Grosso do Sul escancarou, nesta quarta-feira (30), um esquema milionário de fraude fiscal e lavagem de dinheiro envolvendo o setor agrícola. Batizada de Operação Colheita Fantasma, a ação revelou uma teia de transações fictícias que somam mais de R$ 1 bilhão, com prejuízo direto de R$ 100 milhões aos cofres públicos.
O golpe era engenhoso: empresas de fachada, registradas em nome de "laranjas", emitiam notas fiscais frias simulando vendas interestaduais de grãos que nunca existiram. Com isso, o grupo criminoso gerava créditos falsos de ICMS, usados ilegalmente ou comercializados no mercado paralelo.
Segundo o Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado (Dracco), responsável pela investigação, o esquema vem operando desde 2020. Para desmontar a quadrilha, a polícia cumpriu quatro mandados de busca e apreensão — três em Campo Grande e um em Ivinhema — além de uma prisão temporária contra o suposto líder da organização.
Um dos alvos foi uma chácara de luxo em Ivinhema, pertencente a uma empresária da região. Lá, os agentes recolheram uma série de documentos fiscais, registros financeiros, equipamentos eletrônicos e contratos sociais. Em Campo Grande, a operação prendeu um empresário do ramo cerealista, flagrado com armas e munições ilegais em seu escritório.
A ofensiva integra a 2ª edição da Operação Renorcrim, coordenada pela Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp) e pela Diretoria de Operações Integradas e de Inteligência (Diopi). As investigações seguem em curso, com foco na responsabilização dos envolvidos e na tentativa de recuperar os valores desviados.