Diante do agravamento da crise de saúde provocada pelo aumento expressivo de casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) em Campo Grande, o Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS) emitiu uma recomendação emergencial para que crianças em estado crítico sejam transferidas para outras cidades ou até mesmo estados vizinhos, caso não haja disponibilidade de leitos pediátricos na Capital.
A medida foi definida após reunião entre as Promotorias de Justiça da área da saúde, a Secretaria Municipal de Saúde (Sesau) e o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). No encontro, autoridades discutiram a falta de leitos em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) infantis e em enfermarias pediátricas, e destacaram a urgência em expandir a capacidade hospitalar local para conter a sobrecarga do sistema.
Além da capital sul-mato-grossense, outros municípios também registram superlotação nos serviços de saúde. Em Dourados e Corumbá, os casos de SRAG se multiplicam, a ponto de Corumbá ter suspendido temporariamente as aulas da rede pública como medida preventiva.
Segundo o MPMS, crianças estão sendo mantidas em condições inadequadas em Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), Centros Regionais de Saúde (CRS) e prontos-socorros, por falta de leitos especializados. Diante do cenário, o órgão recomendou que, na ausência de vagas na rede pública, os pacientes sejam direcionados para hospitais particulares, unidades em cidades vizinhas ou mesmo em outros estados — com transporte seguro, incluindo UTI aérea para casos graves, e a presença de um acompanhante legalmente responsável.
Durante a reunião, a Sesau também apresentou dados atualizados da situação epidemiológica em Campo Grande. Até agora, foram notificados 1.048 casos de SRAG e 72 óbitos. O painel de vacinação contra a gripe em 2025 também foi abordado, revelando uma cobertura preocupantemente baixa: das doses de vacina influenza disponíveis, apenas 69.123 foram aplicadas, o que representa 18,51% de cobertura vacinal.
A recomendação do MPMS busca garantir o direito ao atendimento digno e imediato, mesmo que fora da Capital, diante de um cenário que já é considerado um colapso na rede pública de saúde infantil. A expectativa das autoridades é de que medidas emergenciais sejam adotadas o quanto antes para evitar mais perdas e minimizar o impacto da doença entre as crianças.