Mato Grosso do Sul começa 2025 com um dado que escancara a face mais cruel da violência: mais de 7 mil mulheres já foram vítimas de agressões dentro de casa apenas nos quatro primeiros meses do ano. Isso dá uma média assustadora de 60 casos por dia — uma mulher agredida a cada 24 minutos.
Os números foram divulgados pela Secretaria de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) e colocam Campo Grande no topo da lista, com 2.260 registros. A capital concentra sozinha 31% de todas as ocorrências do estado. Em seguida, aparecem Dourados, Três Lagoas e Corumbá, também com índices que preocupam.
E o dado mais trágico: oito mulheres foram assassinadas em crimes classificados como feminicídio no mesmo período. Mortes que, em muitos casos, poderiam ter sido evitadas.
Apesar de programas como o Mulher Segura e o trabalho das Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher (DEAMs), a sensação é de que os avanços ainda não têm sido suficientes. A violência continua a invadir os lares sul-mato-grossenses sem encontrar resistência à altura.
Para especialistas e entidades que atuam na defesa dos direitos das mulheres, é preciso muito mais que boas intenções. Eles cobram investimentos consistentes em políticas públicas, capacitação constante dos profissionais que atuam na linha de frente, cumprimento rigoroso das medidas protetivas e ampliação de redes de apoio e acolhimento às vítimas.
A própria Sejusp reconhece o desafio. A pasta afirma que tem intensificado ações de monitoramento e suporte às vítimas, mas admite que o número de ocorrências exige uma resposta mais coordenada e robusta entre todas as esferas do poder público.
Enquanto isso, mulheres seguem vivendo com medo — dentro do espaço que deveria ser o mais seguro: o próprio lar.