Um escândalo que mistura fraude, documentos falsos e até o uso de nomes de pessoas já falecidas terminou com a prisão do advogado Daniel Fernando Nardon, de 46 anos, na tarde da última quinta-feira (15), em Dourados (MS). Ele é apontado como o cabeça de um esquema bilionário que movimentou mais de 145 mil ações judiciais fraudulentas e gerou um rombo estimado em R$ 50 milhões.
A prisão foi realizada pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), na BR-163, enquanto o advogado seguia rumo a Ponta Porã. A suspeita é de que ele tentava cruzar a fronteira com o Paraguai para escapar da Justiça brasileira. Contra ele havia um mandado de prisão preventiva expedido pela Justiça do Rio Grande do Sul, no contexto da Operação Malus Doctor, deflagrada no início de maio pela Polícia Civil do estado.
Golpe com nomes de quem já morreu
Segundo as investigações, o grupo comandado por Nardon atuava principalmente no Rio Grande do Sul e em São Paulo, usando procurações e documentos falsificados para mover processos em nome de aposentados e pensionistas – muitos deles já falecidos. As ações visavam indenizações por supostos descontos indevidos em benefícios do INSS.
Em apenas um caso analisado pelos investigadores, foram localizados mais de 30 processos abertos em nome da mesma pessoa morta. A ousadia do esquema chamou a atenção das autoridades pelo volume de fraudes e pela sofisticação no uso de dados forjados.
Tentativa de fuga e reação das autoridades
Desde o início da operação, Nardon era considerado foragido. A movimentação em direção à fronteira acendeu o alerta das autoridades, que já monitoravam rotas suspeitas. Após ser preso, ele foi levado a Campo Grande e, na madrugada de sexta-feira (16), transferido para Porto Alegre, onde passou por audiência de custódia.
OAB reage e investigação continua
A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) suspendeu preventivamente a inscrição profissional de Nardon e acompanha o caso. A entidade poderá abrir um processo disciplinar para decidir se ele será excluído definitivamente do quadro de advogados.
A Polícia Civil segue investigando o caso e acredita que outros profissionais – incluindo advogados, despachantes e até servidores públicos – possam estar envolvidos no esquema, especialmente na obtenção e adulteração de documentos.