O fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado morreu nesta sexta-feira (23), aos 81 anos, em Paris, onde vivia desde a década de 1990. Nascido em Aimorés, no interior de Minas Gerais, Salgado construiu uma das carreiras mais reconhecidas no fotojornalismo mundial, registrando a condição humana e a natureza com imagens marcadas pelo uso do preto e branco.
Formado inicialmente em economia, Salgado mudou de carreira na década de 1970, ao se mudar para Paris e descobrir sua vocação pela fotografia. Iniciou sua trajetória em agências como Sygma, Gamma e Magnum Photos, consolidando uma estética própria que unia rigor técnico, engajamento social e preocupação ambiental.
Entre seus principais projetos estão séries icônicas como "Outras Américas" (1986), que documentou a vida de camponeses na América Latina; "Trabalhadores" (1993), sobre as duras condições do trabalho braçal em diversos países; "Êxodos" (2000), uma ampla investigação sobre movimentos migratórios e deslocamentos humanos; "Gênesis" (2013), que focou nas paisagens intocadas do planeta; e, mais recentemente, "Amazônia" (2021), dedicado à floresta e às comunidades indígenas.
Sebastião Salgado manteve uma relação com o Mato Grosso do Sul, especialmente ao registrar imagens do Pantanal sul-mato-grossense na série "Gênesis". Em Bonito, cidade símbolo do ecoturismo brasileiro, Salgado esteve por quatro dias trabalhando em campo, registrando a biodiversidade e a paisagem local. Ele também documentou a fauna pantaneira, como jacarés, reforçando seu compromisso com a valorização e preservação do meio ambiente.
Além da carreira fotográfica, Salgado atuou na restauração ambiental. Com sua esposa, a arquiteta Lélia Wanick Salgado, fundou o Instituto Terra, dedicado à recuperação de áreas degradadas no Vale do Rio Doce, Minas Gerais, e à promoção da educação ambiental.
O fotógrafo recebeu dezenas de prêmios internacionais, incluindo o Prêmio Príncipe de Astúrias de Artes e o título de Embaixador da Boa Vontade da UNICEF. Sua obra foi exibida nos principais museus e galerias do mundo, como o Museu de Arte Moderna de Nova York (MoMA) e a Maison Européenne de la Photographie, em Paris.
Nos últimos anos, enfrentava problemas de saúde relacionados à malária, contraída durante expedições fotográficas na África nos anos 1990. Sebastião Salgado deixa um legado marcado pela sensibilidade social, excelência estética e engajamento com as causas ambientais.