Mais de 40 ônibus das empresas Viação Campo Grande e Viação Morena estão parados nas garagens da Capital, segundo o vereador Maicon Nogueira. Em entrevista exclusiva ao Portal O Sul-mato-grossense, ele afirmou que a frota está comprometida por falta de peças e estrutura de manutenção. A constatação foi feita após duas fiscalizações realizadas por ele durante a madrugada, como parte dos trabalhos da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Consórcio Guaicurus, da qual é integrante.
A última vistoria foi realizada na madrugada de quarta para quinta-feira (5), na garagem da Viação Campo Grande. Acompanhado de servidores da CPI, Maicon verificou documentação dos veículos, condições de limpeza, funcionamento de elevadores para cadeirantes e conversou com trabalhadores do turno da madrugada, como mecânicos e auxiliares de limpeza.
“Foi possível ver que há um número significativo de ônibus parados. Um funcionário citou cerca de 10%, mas o que constatamos é que esse número pode chegar a 15%”, relatou o vereador. “Na prática, isso representa mais de 40 ônibus fora de operação. A maioria por falta de peças.”
Ainda durante a inspeção, Maicon encontrou um ônibus sujo prestes a sair para operação. “O funcionário disse que o problema seria resolvido antes da saída, mas não permaneci até o momento em que ele rodaria”, contou. Para ele, a situação reflete o acúmulo de falhas operacionais do Consórcio, que estaria enfrentando dificuldades para manter os veículos em circulação mesmo com a frota disponível.
Segundo o vereador, os trabalhadores ouvidos não apresentaram queixas formais sobre as condições de trabalho, mas destacaram a falta de valorização salarial. “Há um esforço grande da equipe da madrugada, mas faltam recursos e estrutura. Isso precisa ser enfrentado pela empresa com responsabilidade.”
Maicon também ressaltou que os problemas se repetem nas diferentes empresas que compõem o Consórcio Guaicurus, e que a ausência de um plano efetivo de renovação da frota agrava o cenário. “É necessário que os diretores apresentem um plano claro de renovação e manutenção. Há cláusulas no contrato que precisam ser cumpridas, como o seguro obrigatório e os elevadores para cadeirantes em pleno funcionamento.”
A CPI, que já ouviu ex-diretores da Agetran e da Agereg, entra agora na terceira fase, voltada a ouvir os gestores atuais e antigos do Consórcio. O objetivo é confrontar informações e esclarecer a real situação da empresa quanto à aplicação de recursos públicos e à execução contratual.
As próximas oitivas já estão marcadas:
9 de junho
– Paulo Vitor Brito de Oliveira (gestor do setor de bilheteria)
– Robson Luiz Strengari (gerente executivo do Consórcio)
11 de junho
– Clevisson Gamarra de Arruda (ex-funcionário do Consórcio)
– Wesley Conrado Morelli (ex-funcionário do Consórcio)
16 de junho
– João Resende (ex-diretor do Consórcio)
18 de junho
– Themis Oliveira (diretor atual do Consórcio Guaicurus)
– Paulo Constantino (sócio das empresas do Consórcio)
“Esperamos que os gestores tragam respostas objetivas. O Consórcio alega rombos milionários e déficits, e queremos entender esses números com base em documentos e depoimentos”, completou o vereador ao OSM.